Título: Usina de volta à ativa
Autor: Furbino , Zulmira
Fonte: Correio Braziliense, 08/01/2013, Economia, p. 10

Uma prova clara da alta tensão dentro do governo com o quadro nacional de abastecimento elétrico está no grande esforço financeiro e logístico para reativar, ainda este mês, a termelétrica AES Uruguaiana, parada desde abril de 2009. Para isso, a Petrobras se movimenta para comprar gás liquefeito da Argentina — destinado à usina localizada na fronteira com o Uruguai —, como forma de incrementar de imediato a geração de energia, independentemente dos custos. Com 639 megawatts (MW) de capacidade instalada, a térmica deverá retomar a atividade na segunda quinzena de janeiro, ao ritmo de um terço da geração potencial.

Desde outubro, o Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão responsável pela gestão da energia no país, colocou em atividade todas as térmicas do país — movidas a óleo combustível, diesel, carvão ou gás — para poupar água nos reservatórios. Com isso, a geração térmica foi ampliada para 11,4 mil megawatts (MW), 22% da total ante 7,8% da média em 2011. A AES Uruguaiana era a única usina pronta e desativada, justamente em razão do corte do fornecimento pela Argentina. Em dezembro, o Ministério de Minas e Energia decidiu resgatá-la, empenhando R$ 17 milhões só para usar o gasoduto do país vizinho.

O gasto extra com a energia gerada por Uruguaiana também engrossará o Encargo de Serviços ao Sistema (ESS), uma despesa paga pelo próprio setor e que já beira o R$ 1 bilhão mensal. Especialistas lembram que, em tese, a capacidade de geração térmica construída ao longo dos últimos 10 anos para servir de retaguarda reduz os receios provocados pelo nível crítico dos reservatórios. Apesar dessa vantagem em relação ao racionamento de 2001 a 2002, a demanda cresceu mais que a economia. (SR)

Nordeste importa gás O Brasil importou dois carregamentos de gás natural liquefeito (GNL) este mês para o Nordeste, e mais embarques são esperados diante da severa estiagem que reduziu os reservatórios das hidrelétricas na região. O porto de Pecém, no Norte de Fortaleza, geralmente não recebe embarcações de GNL em janeiro, mas a pior seca em 50 anos ameaça o suprimento de energia. “É muito raro ver mais importações para Pecém do que para o Rio de Janeiro”, disse o presidente da Waterbone Energy em Houston, Steve Johnson. “Isso é por causa da estiagem”, acrescentou. Um dos carregamentos entregues em Pecém veio da Noruega. Outro, partiu da Louisiana, nos Estados Unidos. Um terceiro é esperado para o dia 10, com origem de Cartagena, na Espanha. Juntos, somariam 8,5 bilhões de pés cúbicos de gás.