Valor econômico, v.21, n.5033, 01/07/2020. Brasil, p. A4
Previsão de queda do PIB de 9% parece exagero, diz Guedes
Mariana Ribeiro
Lu Aiko Otta
01/07/2020
Podem estar exageradas as estimativas que indicam queda de cerca de 9% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes. Para ele, as emissões de notas fiscais eletrônicas, que devem alcançar em junho valores maiores que no mesmo mês do ano anterior, e o consumo de energia, que está apenas 4% abaixo do observado em junho de 2019, corroboram essa perspectiva menos pessimista.
“Também não digo que vamos sair crescendo rápido. O que digo é que temos ainda a chance de fazer uma recuperação econômica bem mais rápida do que todo mundo está prevendo.”
Ele defendeu que serão necessários mais três ou quatro meses para saber se o Brasil ficará preso no “inferno econômico” criado pela pandemia de covid-19 ou se conseguirá sair dessa situação. Após o período de cobertura do auxílio emergencial, o governo anunciará novos programas, como o Renda Brasil, de assistência social, e o Verde-Amarelo, de estímulo ao emprego. O benefício aos informais revelou a existência de 38 milhões de “invisíveis”, dos quais de 25 milhões a 30 milhões são empreendedores. Esse será o público do programa Verde-Amarelo, segundo Guedes.
Ele afirmou ainda que o governo está tecnicamente preparado para emitir moeda num quadro de depressão econômica, o que, a seu ver, está longe de se concretizar. “Se caíssemos nessa situação, poderíamos permitir ao BC fazer o que o Fed faz nos EUA”, disse.
Ele também comentou a ideia do presidente da França, Emmanuel Macron, de tipificação de crime de “ecocídio” como base para rejeição do acordo Mercosul-União Europeia. Disse que há “oportunismo” do país em usar a agenda ambiental para mascarar o protecionismo comercial.