Valor econômico, v.21, n.5033, 01/07/2020. Brasil, p. A5

 

Bolsonaro não participará nem de modo virtual de cúpula global da entidade

Assis Moreira

01/07/2020

 

 

O presidente Jair Bolsonaro não participará nem mesmo virtualmente da cúpula mundial sobre covid-19 e o mundo do trabalho, que a Organização internacional do Trabalho (OIT) organizará na semana que vem em Genebra.

Cerca de 40 chefes de Estado e de governo já confirmaram sua participação, com envio de mensagens gravadas. Mas a expectativa na OIT é de o número de altas autoridades passar de 50.

Já o Brasil, maior economia da América Latina e um dos mais afetados no mundo pela pandemia, mandará sua mensagem através do secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco Leal, cujo peso político para isso não tem comparação se a mensagem fosse transmitida pelo presidente da República.

O Brasil está se isolando cada vez mais na cena internacional, como notam observadores, lamentando que isso ocorra. Os líderes Donald Trump, dos EUA, e Xi Jinping, da China, também não participarão.

Ontem, o governo Bolsonaro foi criticado indiretamente em duas situações. Primeiro, no Conselho de Direitos Humanos, a alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, apontou o Brasil como um dos países onde o negacionismo sobre a pandemia pode intensificar os estragos causados pelo vírus. E segundo o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, deixou claro que atrasos indevidos no combate ao vírus têm consequências sociais, econômicas e de saúde.

A cúpula sobre covid-19 e o mundo do trabalho terá governos, trabalhadores e empregadores, no que a OIT espera que seja uma oportunidade para apresentar e escutar ideias inovadoras, discutir as lições aprendidas e propor planos concretos para trabalharem juntos e colocar em prática uma recuperação com alto coeficiente de empregos, de acordo com Guy Ryder.