O Estado de São Paulo, n.46251, 04/06/2020. Metrópole, p.A16

 

Em flexibilização, SP prevê até dobrar casos ao fim do mês

Bruno Ribeiro

Marina Aragão

Paloma Cotes

04/06/2020

 

 

Estado põe região de Bauru em restrição maior e afrouxa na Baixada; Covas destaca queda de ocupação de UTIs

Fila longa. Movimento em rua do centro de Santos ontem; muitas pessoas usavam máscara, mas ignoraram distanciamento

O governo do Estado de São Paulo indicou ontem que, na próxima semana, as regiões de Bauru e Barretos devem regredir para a fase laranja de reabertura econômica, mais rígida do que a amarela, em que foram inicialmente classificadas. Já as regiões de Registro, Taubaté e a Baixada Santista, que estão na fase vermelha, devem evoluir para a fase laranja.

A fase 3 (amarela) de flexibilização permite a reabertura parcial de atividades, como comércio de rua, shoppings, bares e salões de beleza. Já a 2 (laranja) permite a abertura do comércio com restrições e proíbe o funcionamento de restaurantes. Na fase 1 (vermelha), a mais restritiva, apenas atividades essenciais, como supermercados e farmácias, podem funcionar.

O plano paulista de reabertura econômica prevê a reclassificação periódica das regiões do Estado, segundo indicadores como a quantidade de leitos disponíveis e o avanço da covid-19.

O governo ainda negocia a situação das cidades da Grande São Paulo, que no momento estão classificadas com a cor vermelha. Uma reunião com os prefeitos ocorreu ontem. A eventual migração das regiões de uma cor para a outra deve ser anunciada apenas na quarta-feira da semana que vem.

O prefeito de Bauru, Clodoaldo Gazzetta (PSDB), afirmou ontem que está ciente do indicativo de aumento de restrições e vai acatar as determinações do Estado. “Se voltar ao laranja, vamos seguir o caminho que está pactuado”, disse. Ele disse ainda que, caso um prefeito decida descumprir as regras do plano, “assume a responsabilidades pelas mortes” que poderão ocorrer por causa da covid-19.

Em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes ontem, o governador João Doria (PSDB) divulgou projeção sobre a evolução da pandemia em junho no Estado. Os dados apontam que o número total de infectados pode mais do que dobrar até o próximo dia 30, e ficar entre 190 mil e 265 mil casos, ante os atuais 123 mil casos.

Segundo o vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), o processo de reabertura parcial de algumas regiões do Estado foi feito levando em conta essas projeções. “Não há surpresa nos números apresentados e eles fazem parte desse planejamento na área da Saúde.”

Segundo o governo, em abril o total de casos da doença cresceu dez vezes, passando de 2.981 para mais de 30 mil casos. Já em maio, o aumento foi menor, de três vezes, crescendo de 30 mil para cerca de 118 mil casos. A projeção da área da saúde, segundo Garcia, é de que doença ainda cresça entre 1,7 vez e 2,4 vezes até 30 de junho.

Doria destacou que o Ministério Público Estadual será acionado para tomar medidas contra prefeitos do interior que resolverem adotar medidas de liberação que sejam diferentes daquelas previstas no plano.

Capital. O prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), destacou um dos índices que é avaliado para a classificação de uma região: a ocupação dos leitos de UTI. Ele ressaltou que, pelo segundo dia, a taxa na cidade de São Paulo está abaixo dos 70%, o que colocaria a capital na fase amarela. “A preocupação é que a gente não retroceda e não volte a crescer em números de solicitação de UTI em São Paulo. O Estado elencou as regiões e, para todos os indicadores, estamos na fase 2 (laranja) ou na fase 3 (amarela) e para alguns a cidade de São Paulo já está na fase 4 (verde)”, disse. O Estado de São Paulo registrou 282 óbitos por covid-19 em 24 horas, fazendo o total chegar a 8.276. Os casos confirmados subiram de 118.295 para 123.483.