O globo, n. 31698, 20/05/2020. Especial Coronavírus, p. 14

 

Weintraub: ‘Se a maioria topar, a gente adia o Enem’

Bruno Alfano

Evelin Azevedo

Paula Ferreira

Isabela Macedo

20/05/2020

 

 

Ministro da Educação anuncia que fará enquete com inscritos sobre mudança de data da prova, marcada para novembro; Senado aprova projeto que permite postergar, e Rodrigo Maia disse que votará tema hoje na Câmara

 O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou ontem que fará uma enquete entre os inscritos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para decidir se adiará ou não a prova. A consulta aos candidatos deve ocorrer entre o fim de junho e início de julho. Ele afirmou que vai respeitar a decisão dos candidatos.

—Vamos ouvir a parte interessada, a que se inscreveu. Se a maioria topar, agente adia. A minha posição é respeitar as pessoas, não é nada impositivo. Quem não quiser opinar, pode ficar quieto também — afirmou o ministro em uma transmissão ao vivo.

Ontem, o projeto que prevê o adiamento do Enem foi votado no Senado e aprovado por 75 votos a favor e apenas um contrário. Apresentado pela senadora Daniella Ribeiro (PP-PB), o texto segue para a Câmara dos Deputados.

Na Câmara, deputados apresentaram um projeto de Decreto Legislativo com o mesmo objetivo. O presidente Rodrigo Maia anunciou que o texto será votado hoje pelos deputados.

—A pedido de todas as deputadas da bancada feminina, nós estaremos votando a urgência do projeto do Enem e o mérito —avisou.

Os exames presenciais estão marcados para 1º e 8 de novembro. A prova virtual é prevista para 22 e 29 de novembro. As inscrições vão até sexta-feira.

Em live, Weintraub afirmou que 90% dos mais de 4 milhões de inscritos no exame declararam possuir internet em casa ou no celular, o que possibilitaria que a consulta fosse feita pela página do candidato, que é on-line. O ministro disse acreditar que agrande maioria dos inscritos vai querer fazer aprova na data marcada ou que optar pelo adiam entoem 30 dias. Ele afirmou também que 63% dos inscritos já concluíram o Ensino Médio eque 12% são treineiros—ou seja, a maior parte dos candidatos não está no último ano do Ensino Médio.

Os dados foram usados como argumento para manter a prova em novembro. Weintraub disse que o resultado da consulta vai passar por auditorias, como do Ministério Público Federal, e que os números poderão ser divulgados com recorte por estado.

Segundo o ministro, mudanças na aplicação do exame — caso mantido — estão sendo programadas, como o maior distanciamento entre as carteiras, além de reforço na limpeza.

‘QUESTÃO DE LIBERDADE’

Em publicação nas redes sociais, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) argumentou que a manutenção da prova é uma questão de liberdade e que o adiamento traria “consequências indesejadas”- como o atraso nos calendários do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Prouni e do Fies.

A Defensoria Pública da União entrou com recurso para que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região reveja decisão e adie o cronograma do Enem. Em abril, a DPU obteve uma liminar favorável à revisão do calendário, mas a medida foi derrubada, após pedido da Advocacia Geral da União (AGU). A Defensoria recorreu ao TRF segunda-feira.