O globo, n. 31695, 17/05/2020. Opinião, p. 2

 

Covid-19 aumenta popularidade de político que combate epidemia

17/05/2020

 

 

Inexorável que a pandemia da Covid-19 atingisse os políticos, responsáveis pela administração pública, diretamente pressionada por um vírus de efeitos avassaladores. Expostos em uma crise desta magnitude, presidentes, primeiros ministros, líderes políticos de maneira geral são pressionados ao extremo, desde a eclosão de uma doença respiratória desconhecida em Wu han. Conhecidos pela tendência a ocultar más notícias, os chineses mudaram de postura, e o presidente Xi Jinping, com os poderes ditatoriais que o regime de partido único da China lhe concede, fechou (lockdown) Wu han e outras cidades na mesma província deHu bei, e conteve a disseminação interna do Sars-CoV-2. Mas regimes democráticos também alcançaram sucesso.

3 Um bom gerenciamento da crise, no caso da Alemanha, recuperou politicamente a chanceler Angela Merkel, cujo governo, aprovado em janeiro por 56%, alcançou o apoio de 68% neste mês de maio, conforme levantamento feito pelo “Washington Post”. Pressionada por seu partido de centro direita, a União Democrata Cristã (CDU), e por aliados, para encerrar os mais de 15 anos de poder, Merkel marcou para o anoque vem suare tirada. Ganhou força política para conduzira sucessão. Outro resgatado pela Covid-19 é Moon Jae-in, presidente da Coreia do Sul, de quem se pedia no ano passado a renúncia, devido ao baixo crescimento econômico e a escândalos políticos. Achega dado vírus a Seul levou o governo de Moon a agir de forma decidida no isolamento e principalmente na testagem em massa da população, o que lhe permitiu grande eficiência no controle da contaminação.

Dois representantes do nacional-populismo nas Américas são avaliados com sinais trocados. Trump e Bolsonaro são contrários a medidas de prevenção, preferem uma suposta preservação da economia. Mas o presidente americano Trump não conseguiu resistir à explosão de mortes, principalmente no estado de Nova York, e passou a admitir isolamentos e lockdowns. No começo de maio, 53% reprovavam a sua administração, mas ele continuava com forte apoio dos republicanos para se reeleger em novembro. Afinal, com todas as dificuldades, seu governo vem tendo 49% de aprovação. Já a não administração da crise feita por Bolsonaro era apoiada apenas por 35%, segundo pesquisa Datafolha do mês passado

Análises têm sido feitas sobre o que ficará no rastro da mais grave crise de saúde pública em um século. No comportamento, na vida das empresas e no convívio social, há inúmeras antevisões.