Título: Cartões renegociam dívidas
Autor: Temóteo , Antonio
Fonte: Correio Braziliense, 08/01/2013, Economia, p. 13

Diante do elevado número de calotes nos cartões de crédito, os principais bancos do país estão promovendo uma pesada campanha para recuperar parte das faturas em atraso. Além de reduzir juros, algumas instituições permitem o parcelamento dos débitos em até 36 meses. E não é à toa. Os brasileiros estão pendurados em R$ 37,5 bilhões no chamado crédito rotativo, sobre o qual incidem encargos médios de 10% ao mês. A inadimplência (atraso com mais de 90 dias) atinge três em cada 10 consumidores que usam essa forma de pagamento, o que representa três vezes mais que o índice médio de contas não pagas em geral, de acordo com dados do Banco Central.

No Banco de Brasília (BRB), a meta é reaver o maior valor possível das contas com atraso de mais de 65 dias. Para isso, o cliente pode renegociar o saldo devedor com taxa de juros a partir de 1,5% ao mês. O gerente de Cobrança e Recuperação de Crédito da Cartões de Crédito BRB, Cleidson Epaminondas, explicou que o valor médio das dívidas dos correntistas é de R$ 1.457.

Segundo ele, uma pesquisa realizada pela instituição financeira com 858 correntistas, em outubro passado, apontou que 55% alegaram dificuldades financeira e descontrole nos gastos como justificativa para o atraso na quitação dos débitos. “Quem nos procurar e quiser acertar o valor à vista pagará apenas o saldo original da fatura, sem a incidência de encargos”, completou.

No caso da Itaucard, empresa de cartões de crédito do Itaú, os clientes podem renegociar a dívida pela internet, pelo caixa eletrônico, por contato telefônico ou pelo atendimento nas agências. Também é política do banco estimulá-los a parcelarem o saldo devedor, com taxas de juros menores que as cobradas no rotativo. O Bradesco, por sua vez, afirmou que “avalia caso a caso”. Procurados pelo Correio, a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o HSBC e o Santander não responderam aos pedidos de informação.

Sem excessos O educador financeiro da DSOP Edward Claúdio Júnior ressalta que o consumidor deve contratar um limite do cartão de crédito igual ao que ele planejou no orçamento (veja quadro), para evitar gastos excessivos. Além disso, detalhou ele, o vencimento da fatura deve coincidir ou ser próximo à data de recebimento do salário. “Quem tem apenas uma fonte de renda não precisa de mais de uma bandeira. Um autônomo, que recebe em diferentes datas, até pode recorrer a mais de uma operadora”, finalizou.

Para Jurandir Sell Macedo, consultor de Finanças Pessoais do Itaú e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o cartão de crédito é um forma de pagamento segura, que permite ao consumidor acompanhar a evolução das despesas eletronicamente. Ele ressaltou que, quando usado sem excessos e pago em dia, resultam em prêmios ao consumidor, como pontos que podem ser convertidos em milhas ou outros produtos. “Quem atrasa a quitação da fatura ou não tem condição de arcar com o total dela deve parcelar o valor. Mas os juros são pesados”, alertou.

Para o economista da Serasa Experian Carlos Henrique de Almeida, quem não tem controle para usar o cartão de crédito deve andar com dinheiro na carteira. Ele ressalta que, dessa forma, o usuário acaba sendo mais cauteloso porque terá contato direito com as cédulas. “Essas pessoas têm a sensação de que não estão gastando porque usam o meio eletrônico. Mas, no fim do mês, o prejuízo é grande”, ponderou.

O coordenador de Autorregulação da Associação Brasileira de Cartões de Crédito e Serviços (ABCS), Marcelo Takeyama, explicou que a entidade obriga as companhias associadas a disponibilizar uma cartilha com os direitos e os deveres dos clientes que contratam o serviço. “Fazer o pagamento mínimo implica juros que podem transformar a dívida em bola de neve. O ideal é criar um planejamento com base no orçamento disponível”, orientou.

“Quem atrasa a quitação da fatura ou não tem condição de arcar com o total dela deve parcelar o valor. Mas os juros são pesados” Jurandir Sell Macedo, consultor de Finanças Pessoais do Itaú

Gastos sob controle Veja algumas dicas para evitar dívidas com o cartão de crédito:

» Antes de tudo, planeje as compras. Veja se há limite de crédito suficiente e se o valor está dentro das suas possibilidades

» Fique atento à data de vencimento da fatura e quite o saldo total em dia, para evitar a cobrança de encargos

» O pagamento em atraso gera multa e outras penalidades previstas em contrato

» Se optar por desembolsar uma parte do valor e deixar o restante para o mês seguinte, saiba que terá de pagar mais juros

» Caso o valor da fatura extrapole o orçamento familiar, procure o banco para parcelar a dívida

» Uma alternativa para saldá-la é recorrer a modalidades de crédito com taxas mais baratas, como o consignado

» Em caso de inadimplência (atraso de mais de 90 dias), vá ao banco para renegociar o débito

» Ao realizar uma compra parcelada, inclua os valores das demais parcelas nos gastos dos próximos meses

Fontes: Abcs, Serasa Experian e Itaú