O Estado de São Paulo, n.46252, 05/06/2020. Metrópole, p.A14

 

Brasil bate novo recorde e é 3º no total de mortes

Sandy Oliveira

João Prata

05/05/2020

 

 

Com mais de 34 mil vítimas, País passa Itália e fica atrás apenas dos EUA e do Reino Unido; total de registros em um dia é de 1.473

Cemitério em Manaus. Estado do Amazonas tem 46,4 mil infectados e 2,1 mil mortos

O Brasil ultrapassou a Itália em número de mortes por coronavírus nesta quinta-feira e agora ocupa o terceiro lugar no ranking dessa estatística, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido. O País registrou 1.473 óbitos nas últimas 24 horas, alcançando o total de 34.021 – ante 33.689 da Itália. Pelo segundo dia consecutivo, o Ministério da Saúde deixou de divulgar o balanço antes das 2o horas, como era de costume – só fazendo o relato às 22 horas.

Foi o terceiro dia consecutivo em que o Brasil registrou recorde no número de mortes, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. O País também vem liderando em relatos diários no mundo. De acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins os números globais da covid-19 mostram que a curva de contágio do Brasil continua ascendente, diferentemente de outros países europeus e asiáticos em processo de flexibilização, cujos dados parecem indicar pelo menos uma estabilização no número de casos.

A alta ocorre em meio a anúncios de flexibilização das medidas distanciamento social em Estados que têm visto crescimento no número de óbitos pelo novo coronavírus, como São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas e Ceará. São Paulo continua a liderar em casos e óbitos pelo novo coronavírus. Balanço divulgado nesta quinta-feira, pela Secretaria Estadual da Saúde, mostra que o Estado tem 129.200 casos confirmados da doença, 5.717 novos casos registrados nas últimas 24 horas. Além disso, São Paulo já tem 8.561 mortes, 285 novos óbitos em 24 horas.

O secretário substituto de Vigilância em Saúde do Ministério, Eduardo Macário, reconheceu ontem que o Brasil vê um aumento crescente de casos e mortes por covid-19 a cada semana, pela dinâmica de transmissão do vírus. Ainda assim, sobre as medidas de flexibilização em alguns Estados, o secretário voltou a dizer que a doença tem características diferentes em cada região e as medidas devem ser proporcionais ao risco. "Confio que as decisões são adequadas pelo que conheço do ponto de vista da responsabilidade que cada um tem da sua população”, afirmou. Para minimizar as subnotificações de casos, Macário disse que o País tem trabalhado, por exemplo, com ampliação de testagem e do sistema de informação.

Atraso. Anteontem, a justificativa para o atraso na divulgação dos dados havia sido problema técnico. Mais cedo, ontem, assessores do ministério informaram em coletiva que poderia haver atrasos nos números por dificuldades de compilação dos dados.

Essa dificuldade não havia sido levantada nas gestões de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que deixaram o cargo por opiniões contrárias à do presidente da República. Anteontem, foi publicado no Diário Oficial da União decreto do presidente da República, Jair Bolsonaro, nomeando o general do Exército Eduardo Pazuello ministro interino da Saúde. A vacância no cargo chega a três semanas.

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Governo anuncia R$ 1,2 bi para atendimento em favela

Mateus Vargas

05/06/2020

 

 

O Ministério da Saúde anunciou ontem que vai disponibilizar R$ 1,2 bilhão para ampliar a rede de vigilância a casos leves da covid-19 e criar locais de atendimento em favelas e comunidades. Desde o começo da crise sanitária, o governo federal é cobrado para aperfeiçoar o tratamento da doença em locais mais pobres.

São dois novos serviços custeados pelo governo federal. Para o Centro de Atendimento para Enfrentamento à covid-19 serão reservados R$ 896,6 milhões. Cada unidade de saúde habilitada nesta modalidade receberá de R$ 60 a R$ 100 mil mensais. Já o programa de Centro Comunitário de Referência para Enfrentamento à covid-19 busca ampliar atendimentos em comunidades e favela, com orçamento de R$ 215,3 milhões. A ideia é repassar de R$ 60 mil a R$ 80 mil mensais a cada unidade de atendimento, que pode ser montada, até mesmo, em centros comunitários.

As prefeituras devem solicitar credenciamento ao serviço para o recurso ser liberado. As unidades de atendimento devem ter à disposição médicos, enfermeiro e técnico ou auxiliar de enfermagem. Os recursos podem custear serviços em novos locais de atendimento ou em espaços já ativados.

Para a criação das unidades de atendimentos em comunidades e favelas, o município deve reservar local com ao menos 4 salas. Segundo o Ministério da Saúde, há 196 cidades com áreas de “aglomerado subnormal”, uma classificação do IBGE, que podem receber a verba.