O globo, n. 31695, 17/05/2020. País, p. 8

 

Heleno dá nova versão para fala de Bolsonaro em vídeo

17/05/2020

 

 

Nota do GSI critica reportagem e diz que presidente citou segurança apenas como ‘exemplo’. Moro reafirma interferência na PF

 Em nota enviada à TV Globo, o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, fez críticas à reportagem do “Jornal Nacional” que revelou outra contradição na versão do presidente Jair Bolsonaro sobre a reunião ministerial do dia 22 de abril e deu uma nova explicação para a fala de Bolsonaro a respeito de mudanças na “segurança no Rio”. Segundo Heleno, na reunião ministerial o presidente citou, apenas como exemplo, uma troca que desejasse realizar na segurança pessoal dele. E disse que, caso houvesse qualquer oposição a essa troca, na ponta da linha, ele poderia chegar até a demitir o ministro. A nota conclui que o presidente não se referiu a nenhum caso real que houvesse ocorrido com sua segurança pessoal. No entanto, o próprio presidente vem alegando que as queixas feitas durante a reunião se referiam à segurança pessoal dele e dos filhos, no Rio. Fontes que viram a íntegra do vídeo sustentam que Bolsonaro mencionava, na verdade, o desejo de ver mudanças na Polícia Federal. A reportagem contestada por Heleno revelou que, apesar de alegar que estava preocupado com sua segurança, Bolsonaro promoveu o responsável por essa função menos de um mês antes da reunião. André Laranja de Sá Corrêa era diretor do Departamento

de Segurança Presidencial, responsável por zelar pela segurança pessoal do presidente da República, do vice-presidente e dos seus familiares. No dia 26 de março, ele foi promovido a general de brigada e transferido para o comando da 8ª Brigada de Infantaria Motoriza do Exército, localizada em Pelotas (RS). No lugar de Sá Corrêa, entrou Gustavo Suarez, que até então era diretor-adjunto do departamento.

Segundo o GSI, a matéria é mal elaborada e uma tentativa de fazer reportagem maldosa contra o presidente da República. A nota diz ainda que o então coronel Sá Corrêa foi selecionado pelo Alto Comando do Exército, por seus méritos, para integrar a lista de escolha que seria levada ao presidente da República, que não participa das reuniões de promoção de oficiais generais. O texto afirma, no entanto, que compete ao presidente escolher entre os nomes sugeridos os que serão promovidos e assinar os decretos. Ainda segundo a nota, o coronel Suarez assumiu a chefia do Departamento de Segurança porque era o mais antigo depois do coronel Sá Corrêa.

Em resposta, a TV Globo ressaltou que a nota do ministro confirma as informações da reportagem, que em nenhum momento questionou os méritos do general Sá Corrêa e que a frase de Bolsonaro na reunião ministerial ganha agora mais uma versão. “A nota do ministro do gabinete de segurança institucional, Augusto Heleno, confirma integralmente o que o ‘Jornal Nacional’ publicou. Que o antigo titular da direção de segurança pessoal da presidência, o então coronel Sá Corrêa, foi promovido a general de brigada por escolha do presidente Bolsonaro. E que o substituto escolhido foi o número dois do departamento. Em nenhum momento, o ‘Jornal Nacional’ questionou os méritos do general Sá Corrêa. Quis apenas mostrar que a versão do presidente sobre o que disse na reunião ministerial de 22 de abril não encontra respaldo na realidade”, diz a nota da emissora.

A defesa do ex-ministro da Justiça Sergio Moro afirmou, também através de nota, que a matéria do “Jornal Nacional” está baseada em documentos oficiais e demonstra que “nunca houve por parte do Sr. Presidente da República qualquer insatisfação com o serviço de segurança pessoal que lhe era prestado ou a seus familiares”, e que os fatos levam à conclusão de que Bolsonaro falava sobre a Superintendência da Polícia Federal no Rio.

TV Globo afirma que nota de ministro confirma informações do “Jornal Nacional”