Título: Poupança recorde em 2012
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 08/01/2013, Economia, p. 13

Mesmo perdendo parte da rentabilidade para a inflação, a poupança vem provando que tem um público fiel. E isso em um ano em que o governo se atreveu a mudar o cálculo de correção dela. Segundo dados do Banco Central, em 2012, a caderneta atraiu recursos como nunca. Os depósitos superaram as retiradas em R$ 49,7 bilhões no período. Só em dezembro — um mês sempre bom para esse tipo de investimento por causa do 13º salário —, a captação líquida foi positiva em R$ 9,2 bilhões.

O volume é o maior para um ano fechado desde o início da série histórica do Banco Central, em 1995. Até então, a captação recorde havia sido registrada em 2010, quando a caderneta obteve um saldo líquido positivo de R$ 38,6 bilhões. Com o forte ingresso de recursos registrado em 2012, mais os rendimentos depositados nas contas dos poupadores na data do aniversário da aplicação, a soma, ao fim de 2012, foi de R$ 496 bilhões. Um ano antes, em dezembro de 2011, o estoque da poupança totalizava R$ 420 bilhões.

Os números divulgados ontem pelo BC comprovam que a alteração do rendimento, promovida pelo governo em maio passado, não afastou os poupadores. A nova regra atrelou o ganho da caderneta à Selic para evitar que outras aplicações financeiras de renda fixa perdessem. A correção dos recursos depositados a partir de 4 de maio passou a ser o equivalente a 70% da Selic — se ela ficar abaixo de 8,5% ao ano — mais a Taxa Referencial (TR). Para os feitos antes dessa data, o modelo antigo permanece: rende a TR, mais 0,5% ao mês.

Apesar das alterações na forma de cálculo, no entanto, a poupança continua isenta do Imposto de Renda (IR). Sobre ela, também não incide uma taxa de administração, como acontecem nos fundos de investimento. Por isso, segundo o economista Miguel Ribeiro de Oliveira, vice- presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a caderneta ainda é um bom negócio, principalmente para o pequeno e para o médio poupador.

“A queda dos juros reduziu a rentabilidade de todos os investimentos. E, para quem não tem uma quantia razoável para aplicar, a poupança acaba sendo a melhor opção, porque o rendimento líquido será superior ao dos fundos, que cobram taxa de administração e sofrem com a incidência do Imposto de Renda”, explicou.