Valor econômico, v.21, n.5037, 07/07/2020. Política, p. A14

 

Presidente analisa novos candidatos ao MEC

Matheus Schuch

Fabio Murakawa

Marcelo Ribeiro 

07/07/2020

 

 

Atento às reações de diversas alas que buscam influenciar na escolha do novo ministro da Educação, o presidente Jair Bolsonaro analisa novos nomes para a pasta. Ontem, recebeu em um encontro fora da agenda o reitor da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), Aristides Cimadon, indicado pelo senador Jorginho Mello (PL) e que possui apoio de outros parlamentares catarinenses.

O presidente e sua equipe analisam com cautela os currículos e a ligação política dos candidatos, para evitar novos desgastes, como na demissão precoce de Carlos Alberto Decotelli, por inconsistências no currículo, e do mal-estar com alas do governo às tratativas com o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, que chegou a receber um convite do presidente, mas não resistiu à pressão de grupos adversários e anunciou sua desistência.

Auxiliares do presidente ouvidos pelo Valor evitaram apontar um favorito na disputa, mas confirmaram que Bolsonaro está empenhado em achar um titular para a pasta o quanto antes. O presidente só definirá o novo ministro, porém, depois de uma espécie de “test drive”, segundo aliados do chefe do Poder Executivo no Congresso Nacional.

Assim como fez com Feder, Bolsonaro deve lançar outros nomes para avaliar a repercussão entre aliados e apoiadores e, só depois disso, decidir se formalizará a indicação.

Em caráter reservado, um parlamentar de Santa Catarina confirmou que Bolsonaro e Cimadon tiveram uma “conversa preliminar” ontem, mas sem que nenhum convite formal tenha sido feito.

“Ainda estão na fase da paquera, não pegaram na mão. Mas, como Cimadon contou com apoio de aliados de Santa Catarina, o presidente resolveu recebê-lo para avaliá-lo como candidato”, afirmou um deputado que compõe a base do governo no Congresso.

Cimadon é filiado ao PL, um dos partidos que tem se aproximado do Palácio do Planalto após uma ofensiva de Bolsonaro a legendas do Centrão para consolidar alianças no Congresso.

Em redes sociais, o reitor da Unoesc já classificou a educação do país como “um fracasso” e disse que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) “não ajudam em nada”.

A lista de cotados para a pasta também conta com indicações do grupo formado pelos seguidores de Olavo de Carvalho, por evangélicos e por militares. Não está descartada uma solução interna, com a elevação de um dos atuais secretários da pasta ao cargo de ministro. Entre os nomes lembrados por interlocutores do presidente estão o do secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, e da secretária de Educação Básica, Ilona Becskeházy, ambos simpatizantes de Olavo de Carvalho. O noticiário também falava ontem no líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO). O Planalto nega.

O advogado Sérgio Sant’Ana, que já foi assessor no MEC, também segue na lista.

Ao Valor, parlamentares afirmaram que Bolsonaro garantiu que, ainda que o grupo não seja contemplado, nomes da ala ideológica que estão na estrutura da pasta serão preservados.