O Estado de São Paulo, n.46254, 07/06/2020. Internacional, p.A10

 

Multidões marcham em todo o mundo

07/06/2020

 

 

Dezenas de milhares se manifestaram no Reino Unido, França, Alemanha, Austrália e outras nações em apoio aos protestos dos EUA

Tensão. Manifestante protesta contra racismo em Londres

Várias cidades do mundo tiveram protestos ontem contra o racismo e em apoio às manifestações que ocorrem nos Estados Unidos pela morte de George Floyd, o negro americano de 46 anos morto por um policial branco em Minnesota.

De Paris a Berlim – como nas manifestações da semana passada no Japão, Suécia e Zimbábue – pessoas de todo o mundo se solidarizaram novamente com manifestantes americanos que pediam justiça pela morte de George Floyd.

O ministro da Saúde do Reino Unido pediu aos moradores que não se reunissem em manifestações semelhantes em cidades como Londres, Manchester e Birmingham para impedir a propagação do vírus. Mas as multidões apareceram, apesar do frio, da chuva e dos avisos da polícia de que as reuniões em massa violariam o limite de seis pessoas reunidas.

Dezenas de milhares correram para a Parliament Square, em Londres, ontem, gritando slogans antirracistas e carregando cartazes em homenagem a Floyd.

Embora a maioria das pessoas usasse máscaras, seus cânticos coletivos podiam ser ouvidos alto e claro: “George Floyd”, “vidas negras são importantes”, “não há justiça, não há paz”, disseram eles. As imagens mostravam centenas de pessoas correndo em direção à Embaixada dos EUA a pé e de carro, tocando e buzinando. Em Londres houve confronto entre manifestantes e a polícia, mas ninguém ficou ferido.

As manifestações globais, que continuam por uma semana foram inspiradas pelas manifestações nos Estados Unidos para pedir o fim do racismo e da brutalidade policial em seus próprios países.

Em Paris, as autoridades impediram que as pessoas se reunissem em frente à Embaixada dos Estados Unidos, mas milhares protestaram perto da Torre Eiffel, ecoando um protesto na semana passada que atraiu quase 20.000 pessoas em memória de Adama Traoré, um francês que morreu sob custódia policial em 2016.

Na Austrália, mesmo quando Morrison, o primeiro-ministro, aconselhou a não comparecer às marchas do Black Lives Matter no sábado, por medo de novos surtos em um país que conseguiu combater o vírus, milhares se reuniram em cidades como Sydney e Melbourne , pedindo o fim do racismo sistêmico e das mortes aborígines sob custódia policial.

Na Alemanha, foram feitas chamadas nas mídias sociais para que os manifestantes saíssem às ruas em homenagem a Floyd, depois de uma semana de manifestações em cidades como Hamburgo e Frankfurt.

Em entrevista à emissora pública alemã DW News, a chanceler Angela Merkel chamou a morte de Floyd de “assassinato”.

“É racista”, disse ela, acrescentando: “Mas confio no poder da democracia nos Estados Unidos, que eles são capazes de passar por essa situação difícil”. / W. POST e NYT

Confiança

“Foi um assassinato, e foi racista. Mas confio no poder da democracia nos EUA, eles são capazes de sair dessa situação difícil”

Angela Merkel

PRIMEIRA-MINISTRA DA ALEMANHA