Título: Aposta nas obras
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 18/01/2013, Política, p. 2

Ainda não existe uma preocupação explícita com uma derrota na eleição de 2014. A presidente Dilma Rousseff tem altos índices de popularidade, o pibinho e a paralisia gerencial ainda não foram percebidas pela população. Mas, a menos de dois anos do escrutínio nas urnas, o PT sabe que os adversários do Planalto estão ouriçados com a possibilidade de tomar o poder dos petistas.

Mesmo que ainda moldando um discurso de oposição, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) já prepara o discurso econômico e político e vai, como mostrou o Correio, viajar pelo país mostrando que o PSDB tem um projeto alternativo ao do governo federal. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), não assume que será candidato, tampouco nega essa possibilidade. "2014 é 2014. Antes de chegarmos lá, precisamos vencer 2013", desconversa.

O PT sabe que tem todo o poder da máquina federal ao seu dispor. Mas tanto Aécio quanto Eduardo começam a surgir como boas alternativas para o empresariado. Os grandes investidores e empresários brasileiros estão em busca de segurança e de sinais positivos para continuar apostando no crescimentodo país. Se isso não vier do governo, poderão buscar outros caminhos. Ainda existe, e não é pouca coisa, a sensação da população de que o Brasil se mantém nos trilhos. O pleno emprego é uma realidade, mas o ritmo do consumo diminuiu. As famílias estão endividadas, e a aposta no crescimento com base no mercado de massas não é mais possível. Por isso, o governo começa a desviar seus olhos para as obras de infraestrutura, capazes de destravar a economia.