Título: Pressão na Argentina
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Fonte: Correio Braziliense, 18/01/2013, Economia, p. 12
O Fundo Monetário Internacional (FMI) deu ontem um importante sinal ao Brasil, que vem sendo duramente criticado por ter maquiado as contas públicas. Segundo a diretora-gerente da instituição, Christine Lagarde, o organismo multilateral voltará a se reunir, em 1º de fevereiro, para discutir o caso da Argentina e suas estatísticas econômicas consideradas obras de ficção.
O governo de Cristina Kirchner se tornou mestre em maquiar os índices de inflação. Em 2012, enquanto os analistas disseram que o custo de vida superou os 25% naquele país, o índice oficial ficou ligeiramente acima de 10%, causando um enorme desconforto entre os especialistas.
Por conta das constantes denúncias de maquiagem na inflação e outros indicadores, o FMI enviou uma missão preliminar à Argentina para preparar, junto com as autoridades locais, um relatório sobre seu setor financeiro, acrescentou Lagarde. Oficialmente, a Argentina rejeitou, até agora, qualquer análise do Fundo, ao qual acusa de ter contribuído decisivamente para sua última grande crise econômica em 2001.
A Argentina saldou todas as suas contas com o FMI e só aceitou uma missão técnica para corrigir os problemas sobre a medição da inflação e o Produto Interno Bruto (PIB). As recomendações não foram aplicadas, o que levou a diretoria do Fundo a emitir, em setembro passado, um alerta ao governo de Kirchner. As negociações não frutificaram até o momento e Lagarde mandou, em dezembro, um relatório à sua diretoria sobre os passos seguintes a serem dados.
Lagarde não quis revelar o conteúdo do relatório, mas frisou: “O que posso dizer é que tivemos uma missão (na Argentina) com o objetivo de realizar um programa de avaliação do setor financeiro”.