Título: Não é hora de relaxar
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Fonte: Correio Braziliense, 18/01/2013, Economia, p. 12

FMI acredita que a economia está se recuperando, mas alerta para o alto índice de desemprego nos países mais ricos, um problema que não pode ser ignorado

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, alertou ontem que serão necessários mais esforços para colocar a economia global de volta aos trilhos. “Freamos o colapso e devemos evitar uma recaída, não é hora de relaxar”, disse. Segundo ela, “ainda há muito trabalho a ser feito”. No entender de Lagarde, há sinais de recuperação da atividade, apesar da piora no mercado de trabalho, situação que ela considerou crítica do ponto de vista econômico e social. “Precisamos de crescimento para gerar empregos e de empregos para gerar crescimento”, afirmou.

Para a diretora do FMI, a Zona do Euro precisa fazer mais do que vem anunciando para resolver os problemas de endividamento que estão prejudicando o crescimento global. Junto, o Fundo e a União Europeia (UE) já resgataram a Grécia, a Irlanda e Portugal, mas o bloco econômico ainda desponta como o maior foco de tensão para o mundo, irradiando ondas de desconfiança. Na avaliação de Lagarde, as operações financeiras da UE e do Banco Central Europeu para minimizar os problemas da região não se mostraram operacionais. “Progressos ainda precisam ser feitos, sobretudo em relação à união bancária na Zona do Euro”, acrescentou.

Sobre os Estados Unidos, a chefe do FMI classificou como perigosas as amargas divergências políticas entre o governo e a oposição para alcançar um compromisso sobre o teto da dívida pública norte-americana e os planos de redução do deficit fiscal. “Todos os lados devem se unir em nome do interesse nacional para evitar um erro político”, declarou. Com os débitos norte-americanos próximos do limite e o Tesouro usando medidas extraordinárias para evitar que a maior economia do mundo dê calote em seus credores, a oposição formada pelos republicanos está exigindo do governo o corte de gastos para dar aval a Barack Obama, que rejeitou essa base de negociação.

Mais de quatro anos depois da crise financeira que colocou a economia global em recessão, Lagarde também pediu a conclusão de reformas do sistema financeiro mundial. Ela expressou preocupação sobre a tendência do setor bancário de ter má vontade quanto à regulação, especialmente os padrões internacionais de Basileia III, regras de segurança consideradas vitais para inibir operações como as que levaram ao estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos em setembro de 2008.

“É constante o setor bancário recuar, porque é mais agradável operar sem regulação. Eu posso estar sendo um pouco dura, mas esta é minha experiência como ex-ministra das Finanças (na França)”, frisou Lagarde. Questionada sobre o desejo do Japão de conter a valorização do iene, ela reiterou a sua oposição à guerra cambial e outras desvalorizações que minam a competitividade das exportações da maioria dos países.

Apoio republicano Deputados republicanos podem apoiar a ampliação do limite de endividamento dos Estados Unidos apenas no curto prazo, de maneira a manter a pressão por significativos cortes de gastos do governo de Barack Obama, disse ontem o presidente do Comitê de Orçamento da Câmara dos EUA, Paul Ryan. Quebrando um longo silêncio público, desde a sua malsucedida campanha à vice-presidência nas eleições de novembro passado, Ryan afirmou acreditar que o gabinete de Obama pode e deve priorizar pagamentos para evitar um calote, caso um aumento no teto da dívida federal seja adiado.

Obama defende Inglaterra na UE O presidente norte-americano, Barack Obama, disse ontem ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, que os Estados Unidos “valorizam uma Grã-Bretanha forte em uma União Europeia forte”, de acordo com a Casa Branca. Cameron, que tem enfrentado pressão de alguns políticos de seu próprio partido para um referendo sobre se a Grã-Bretanha deve deixar a UE, adiou um discurso sobre o papel futuro de seu país no bloco por causa da crise na Argélia, onde britânicos e norte-americanos podem estar entre os reféns. Por telefone, Obama e Cameron conversaram sobre a situação na Argélia e os líderes expressaram apoio à operação militar francesa contra militantes islâmicos no Mali.