Título: Reação do Planalto
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 19/01/2013, Política, p. 2

Quase inteiramente soterrado pelas críticas e cobranças internas e até do exterior pelos resultados ruins da economia em 2012, pela falta de transparência e de medidas de incentivos à atividade industrial mais equânimes e, para piorar, com a inflação dando sinais de força, o Palácio do Planalto, enfim, reagiu. Com o discurso realista de crescimento mais ameno e contínuo de ontem, a presidente Dilma tenta reverter a derrota que seu governo vinha sofrendo na guerra da comunicação, que jogou a credibilidade da gestão da sua política econômica no chão.

Em Brasília, o gabinete do ministro da Fazenda, Guido Mantega, tratou de divulgar que a meta do superavit primário será afrouxada, além da ampliação da desoneração fiscal a todos os setores produtivos. Foram as previsões otimistas demais, que não se confirmaram em 2012, feitas por Mantega que deram início à perda de credibilidade da política econômica do governo.

Em seguida, teve o questionamento pelo próprio ministro sobre a metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) ao divulgar um PIB no terceiro trimestre bem menor do que ele previra. O estopim para liquidar de vez qualquer confiança nos números e indicadores oficiais foi o malabarismo contábil para apresentar ao país o cumprimento do superavit primário.

Porém, com esses movimentos de ontem, a presidente reconhece os excessos das promessas feitas por Mantega e sua equipe; oferece um horizonte mais realizável ao empresariado e à população, ainda que menos otimista; e marca uma inflexão na onda de críticas contra a política econômica. De quebra, reforça a percepção do mercado que, na Fazenda, manda ela.