Título: A corrida de Dilma rumo ao interior
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 19/01/2013, Política, p. 4

Presidente promete intensificar a agenda nas regiões Norte e Nordeste, onde pretende inaugurar uma série de obras neste ano pré-eleitoral

O Piauí foi a primeira escala da presidente Dilma Rousseff em um ano que, segundo aliados, ela precisará aparecer mais para pavimentar o caminho da reeleição. Como adiantou o Correio, a presidente aproveitará para interiorizar o governo, inaugurando obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e lançando projetos especialmente no Nordeste, região na qual o PT perdeu a hegemonia para o PSB do governador Eduardo Campos (PE).

Dilma também pretende mostrar uma menor centralização, transformando os atores políticos locais em parceiros nessa empreitada. Na semana que vem, Dilma receberá os prefeitos que tomaram posse em 1º de janeiro. A intenção é montar um imenso painel com todos os programas desenvolvidos pelo governo federal nos municípios brasileiros, com exposições feitas pelos ministros mais diretamente ligados aos programas municipais.

Ontem, durante assinatura de convênios para a construção de adutoras e barragens em São Julião (PI), Dilma confirmou que, nas conversas recentes que manteve com empresários e diversos representantes do setor privado, não foram poucas as sugestões para investir nas regiões Norte e Nordeste, sobretudo nos estados do Maranhão, do Piauí e de Tocantins. “Sempre tenho ouvido uma fala: presidente, o Brasil tem uma grande perspectiva, tem uma região do Brasil que vai ser uma das mais ricas”, relatou Dilma. “Essa região (o Piauí) é a nova fronteira de crescimento do país, assim como o Centro-Oeste foi há anos atrás”, disse Dilma.

O discurso derreteu o governador piauiense, filiado ao PSB de Eduardo Campos. “Aproveitamos aqui para lançar a presidente Dilma Rousseff como a candidata a reeleição em 2014.” A presidente não resistiu à deixa e brincou. “Depois dessas palavras, só me resta dar uma forcinha para algumas obras na região”, declarou. A maior delas, contudo, não será entregue pela presidente neste primeiro mandato. A transposição das águas do Rio São Francisco, orçada até o momento em R$ 8,2 bilhões, já teve o cronograma redefinido diversas vezes, e a nova data de inauguração prevista é 2015.

Críticas Os gestos emitidos pela presidente nos últimos dias são uma tentativa de distender as relações políticas, uma das principais críticas dentro de seu estilo centralizador de governar. Na próxima semana, ela deverá receber, em audiência no Palácio do Planalto, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), e o de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PT). O encontro com Júlio acontece uma semana depois de uma longa conversa que Dilma teve, que durou aproximadamente duas horas e meia, com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Na saída da reunião, Campos, mais uma vez, desconversou sobre a possibilidade de candidatar-se à Presidência da República no ano que vem. “A pior coisa que existe é o que está sendo feito, antecipar para este ano o calendário eleitoral”, reclamou o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral.

Mas as negativas do governador pernambucano convencem cada vez menos. Um tradicional político nordestino, em conversa com o Correio, repetiu a mesma indagação feita por um ministro petista na semana passada: o que Eduardo Campos tem a perder saindo candidato? “Ele já foi deputado estadual, secretário de estado, deputado federal, líder partidário, ministro de Estado e governador reeleito de um dos estados que mais cresceu nos últimos anos”, enumerou esse líder político. “Marina Silva, que não é chefe política nem chefe partidária, candidatou-se e até hoje surfa no recall eleitoral. Se Eduardo perder, nacionaliza o nome e se lança novamente em 2018”, sugeriu.

“Essa região (o Piauí) é a nova fronteira de crescimento do país, assim como o Centro-Oeste foi há anos atrás” Dilma Rousseff, presidente da República

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