Correio braziliense, n. 20885 , 29/07/2020. Brasil, p.6

 

Sem SP, país registra 921 mortes em 24h

Bruna Lima

Maria Eduarda Cardim

29/07/2020

 

 

Instabilidades no sistema computacional de São Paulo fizeram com que o Brasil registrasse, pela primeira vez, em mais de dois meses, menos de mil mortes diárias em uma terça-feira. Com nenhuma atualização do estado epicentro da doença no país, o Ministério da Saúde contabilizou, ontem, 921 óbitos ao balanço, totalizando 88.539 brasileiros vitimados pelo novo coronavírus. Com mais de cinco meses de pandemia, o vírus continua se alastrando pelo território nacional. O Brasil registrou mais 40.816 casos ontem, se aproximando da marca de 2,5 milhões de infecções; são 2.483.191 confirmados.

Segundo a pasta, a Secretaria Estadual de Saúde paulista informou “ter tido dificuldades para exportar a base de dados a tempo de atualizar o painel nacional”. Com isso, os óbitos e casos do novo coronavírus registrados, ontem, no estado só serão contabilizados no balanço de hoje. Ainda assim, o estado lidera com folga o ranking nacional, com 21.676 mortes e 487.654 infectados. Em seguida vem o Rio de Janeiro, com 13.033 vítimas da doença. O estado fluminense registrou 157 novas mortes nas últimas 24 horas. Os números reforçam os sinais de que a unidade da federação vive uma segunda onda da doença, junto com Amapá, Maranhão, Ceará.

Ao analisar o número de casos, sete estados mais o Distrito Federal chamam atenção por já terem confirmado mais de 100 mil infecções pelo novo coronavírus registradas. O DF foi o último a ultrapassar a marca, confirmando 100.726 diagnósticos positivos da doença. Junto com a capital do país estão São Paulo (487.654), Ceará (165.550), Rio de Janeiro (159.639), Bahia (153.313), Pará (150.185), Minas Gerais (116.645) e Maranhão (115.988).

A maioria dos estados já acumula mais de mil óbitos pela covid-19. Das 27 unidades federativas, 20 integram a lista. Além de São Paulo e Rio, estão Ceará (7.613), Pernambuco (6.421), Pará (5.716), Amazonas (3.236), Bahia (3.270), Maranhão (2.959), Minas Gerais (2.551), Espírito Santo (2.463), Paraíba (1.745), Paraná (1.743), Rio Grande do Norte (1.714), Mato Grosso (1.669), Rio Grande do Sul (1.680), Alagoas (1.527), Goiás (1.473), DF (1.391), Sergipe (1.359) e Piauí (1.278).

Estimativa

Novos resultados do inquérito sorológico realizado pela Prefeitura de São Paulo apontam que ao menos 11,1% dos moradores da cidade contraíram o novo coronavírus, o que representa 1,32 milhão de pessoas. Os dados da fase 2 do levantamento foram divulgados, ontem, pelo prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), em coletiva de imprensa. Oficialmente, segundo dados do governo do estado, a cidade tem 182.027 casos confirmados da doença, número que é mais de sete vezes menor do que o estimado pelo inquérito.

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Manaus é a 1ª capital a retomar aulas

29/07/2020

 

 

O governo do Amazonas anunciou, ontem, o retorno das aulas presenciais da rede pública estadual de ensino em Manaus a partir de 10 de agosto. O Amazonas é o primeiro estado do país a voltar com aulas presenciais na rede pública e instituições privadas. De acordo com o governador Wilson Lima (PSC) foi realizada uma pesquisa com pais, alunos e professores sobre a necessidade da retomada das aulas presenciais.

    A volta às salas de aula será de maneira gradativa e híbrida, segundo o governo. Os primeiros a retornarem — no dia 10 — são os estudantes do ensino médio regular e da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Dia 24 de agosto, retornam os alunos do ensino fundamental (anos iniciais e finais). Segundo Wilson Lima, as escolas devem manter 50% da capacidade de alunos nas salas, com distanciamento entre as carteiras. Parte dos alunos vai acompanhar as aulas pela TV e redes sociais.

Dois pontos essenciais contribuíram para a retomada do ensino presencial: a queda no número de enterros na capital e na ocupação de leitos. Haveria uma situação de redução e de estabilidade. Já a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas, Ana Cristina Rodrigues, informou que uma assembleia geral será convocada e uma greve não deve ser descartada.

Particulares

Instituições de ensino privado retomaram as atividades em Manaus no dia 6 e dizem não ter enfrentado problemas. Conforme Nelson Falcão, diretor de Marketing do Centro Educacional Pinocchio e do Colégio Martha Falcão, que atendem ensino fundamental e médio, tudo está ocorrendo dentro do esperado. “Nós temos carpete para desinfetar o calçado do aluno. Só entra se for de máscara. Nós temos uma catraca que anteriormente era utilizada com digital, agora nós usamos uma pulseira inteligente — passa pelo leitor sem precisar tocar (na catraca); a temperatura é medida pelo profissional que está ali de prontidão, que é nosso enfermeiro, e quando ele (o aluno) chega na sala, tira o calçado, deixa fora da sala e entra com meia derrapante. E tem um distanciamento de 1,5 metro entre as cadeiras.”

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Vacina de Oxford pode chegar em dezembro

Paula Santana*

Cristiane Silva

29/07/2020

 

 

Anúncio da chegada de 1º lote do imunizante foi feito ontem pelo secretário de vigilância em saúde. O Brasil encomendou 100 milhões de doses e a expectativa do ministério é de que 15 milhões de brasileiros sejam imunizados até o fim deste ano

A vacina contra a covid-19 que está sendo desenvolvida pela Universidade de Oxford, do Reino Unido, em convênio com o laboratório farmacêutico AstraZenecadeve, deve chegar ao Brasil ainda na primeira quinzena de dezembro. A informação foi dada, ontem, pelo secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros. O Brasil encomendou 100 milhões de doses e a expectativa do governo federal é de que 15 milhões de brasileiros sejam imunizados até o fim deste ano.

O secretário explicou ontem, em entrevista à rede de TV CNN Brasil, que caso os testes e pesquisas sobre a eficácia do imunizante sejam aprovados até dezembro, os brasileiros poderão começar a ser vacinados. O envio das doses da vacina será dividido em três lotes. “O primeiro lote deve chegar na primeira quinzena de dezembro, com 15,2 milhões de doses; e o segundo terá o mesmo número de aplicações e chega entre dezembro e janeiro. O terceiro lote, de 70 milhões de doses, chega entre março e abril”, informou Medeiros.

A busca por vacinas avança no mundo à velocidade sem precedentes, numa competição que envolve grande interesse financeiro, mas é preciso tomar cuidado com anúncios rapidamente descartados e expectativas frustradas. Em seu relatório mais recente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) cita 25 “candidatas a vacina” que estão sendo avaliadas a partir de testes clínicos em humanos. A maioria se encontra na fase inicial de avaliar a sua segurança, e parte das pesquisas está numa segunda etapa, em que a questão da eficácia já é explorada.

Apenas quatro candidatas a vacina encontram-se na etapa mais avançada, a fase 3, em que sua eficácia é avaliada em larga escala. A empresa americana Moderna iniciou ontem processo para testar 30 mil voluntários. Em meados do mês, dois projetos chineses também entraram no procedimento: o do laboratório Sinopharm, para acompanhar 15 mil voluntários nos Emirados Árabes, e o do laboratório Sinovac, com testes em 9 mil profissionais de saúde no Brasil, por meio de parceria com o instituto Butantan. Além dos testes já iniciados, a OMS contabiliza 139 projetos de imunizantes que se encontram em fase de desenvolvimento pré-clínico.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, informou, ainda ontem, que o primeiro grupo a receber a vacina será o de idosos, profissionais da saúde que atuam na linha de frente do combate ao coronavírus e pessoas com comorbidades. A pasta já trabalha para desenvolver uma estratégia de aplicação das vacinas de modo a evitar pânico e tumulto entre a população.

Medeiros ressaltou que o Brasil poderá produzir a vacina em território nacional, no laboratório de Bio Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A possibilidade surgiu a partir de um acordo entre o governo brasileiro e a fundação com a Universidade de Oxford e a AstraZeneca — laboratório responsável pelo desenvolvimento da vacina.

Minas

As doses da CoronaVac, vacina desenvolvida na China, e placebos que serão utilizados nos testes no Brasil podem chegar a Minas Gerais nesta semana. Essa é a expectativa do Instituto Butantan, de São Paulo, que coordena os estudos no país. Os testes serão realizados pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 16 de julho, a instituição começou as inscrições para selecionar 800 voluntários da área da saúde para receberem as doses. Até então, a expectativa era de que as aplicações começassem na semana passada.

O imunizante é produzido pela farmacêutica Sinovac e está na terceira fase de ensaios clínicos. Segundo o instituto, as 20 mil doses que serão distribuídas em 12 centros de pesquisa chegaram ao país no último dia 20. Os testes já começaram no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, na capital paulista.

 *Estagiária sob a supervisão de Marta Vieira