Correio braziliense, n. 20887 , 31/07/2020. Política, p.4

 

Em clima de campanha

Ingrid Soares

31/07/2020

 

 

PODER » Presidente retoma viagens, vai ao Piauí e à Bahia para inauguração, e garante que erguerá o Nordeste ao mesmo grau de desenvolvimento social e econômico das regiões mais ricas. Agradeceu ainda votos que recebeu, que o colocaram no comando do país  

O presidente Jair Bolsonaro retomou, ontem, a agenda de viagens pelo país e participou da cerimônia de acionamento do Sistema Integrado de Abastecimento de Água, em Campo Alegre de Lourdes, na fronteira da Bahia com o Piauí. Em clima de campanha eleitoral, escolheu a reestreia no Nordeste por tem os estados cuja população é a mais dependente do auxílio emergencial de R$ 600, e porque há décadas é um reduto de votos petistas. Além disso, prometeu elevar a região para o mesmo nível de desenvolvimento econômico e social das mais ricas do país.

À vontade, logo na chegada ao aeroporto de São Raimundo Nonato, no Piauí, horas antes de seguir para a Bahia, Bolsonaro parecia em plena corrida presidencial: vestiu um chapéu de vaqueiro, rodopiou-o sobre a cabeça, montou em um cavalo numa aglomeração de apoiadores, retirou a máscara de proteção que utilizava e cumprimentou os apoiadores com apertos de mãos.

Foi a primeira viagem depois de ter se recuperado da covid-19 –– já estava prevista para o início do mês e foi adiada depois de diagnosticada a doença. Bolsonaro agradeceu pela recuperação e afirmou que, apesar da pandemia, o Brasil tem grande potencial de crescimento. Mas que, para governar, necessita da ajuda dos outros Poderes e da população.

“Estou muito feliz em estar aqui. Mas, antes de qualquer coisa, quero agradecer a Deus pela minha vida e agradecer o mandato, que pelas mãos de muitos de vocês foi conferido a mim. A nós, sempre Deus, pátria, família. Somos um povo conservador, humilde e em sua grande maioria, um povo cristão. Sempre colocamos Deus em primeiro lugar. Por vezes me pergunto como consegui chegar à Presidência da República se não fosse pelas mãos dele. Nós chegamos, fomos buscando parceria, em especial dentro da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Elas foram aparecendo e, pouco tempo depois, muita coisa começa a surgir em nosso país”, disse.

Isonomia

Bolsonaro fez elogios à bancada da Bahia e ao ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que o acompanhou na viagem –– e deixou claro que sua meta É tornar o Nordeste uma base eleitoral forte. “Quando escolhi Rogério Marinho (que é potiguar) para ser ministro do Desenvolvimento Regional, ele só fez um pedido para mim: ‘eu quero abraçar o Nordeste’. Eu falei: ‘Rogério, o Nordeste é seu’. E ele vem fazendo um brilhante trabalho, que orgulha a todos nós e que atinge em grande parte aos mais necessitados”, destacou.

Bolsonaro ainda prometeu isonomia entre as regiões do país. “Somos um só povo, uma só raça. Temos todo o potencial que Deus nos deu, em especial esse povo maravilhoso do nosso querido Nordeste”, exortou. Segundo o governo, cerca de 40 mil moradores serão atendidos pela obra, que custou R$ 90 milhões.

Depois, Bolsonaro seguiu para Coronel José Dias, no Piauí, e visitou o Parque Nacional da Serra da Capivara e o Museu da Natureza. Hoje, o presidente continua o roteiro de viagens: desembarca em Bagé (RS), onde entrega do Condomínio Residencial, no bairro de Tarumã.

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Ataque a Mandetta, defesa de Pazuello

Ingrid Soares

31/07/2020

 

 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi uma “desgraça” durante o tempo em que esteve à frente da pasta. A crítica foi na live de ontem à noite, mas sem citação direta.

“Discutem: ‘Ah, o general Pazuello está indo bem ou não na Saúde, tem de ser substituído por um médico’. Pô, nós tivemos um médico, o primeiro médico lá (Mandetta), e olha a desgraça que foi. O segundo (Nelson Teich) foi muito rápido. Por questões de foro íntimo decidiu sair. Não tenho nada a falar sobre ele, só agradecer pela colaboração que nos deu por um pequeno período de tempo”, apontou.

Bolsonaro elogiou o ministro interino, Eduardo Pazuello, ressaltando que o general tem atendido a “quase tudo”. Também negou que o ministério esteja militarizado. “Ele levou 15 militares para lá! A equipe dele, por coincidência, era formada por militares. É igual a mim: quando escolhi o vice, escolhi o general. O pessoal tem que ver se o ministério está dando errado, não interessa se o cara é militar. Ou o cara bota a casa em ordem, ou dá lugar para outro”.

Ainda na live, o presidente agradeceu por ter se curado da covid-19, o que atribuiu à hidroxicloroquina. “Agradeço primeiro a Deus, depois ao medicamento, a hidroxicloroquina. Tomei num dia, no outro já estava bom. Se foi coincidência, não sei”, afirmou. No entanto, se queixou de fraqueza, informou que está com um quadro de infecção pulmonar e que segue tomando antibióticos.

“Eu acabei de fazer um exame de sangue, estava com um pouco de fraqueza ontem, estava com um pouco de infecção, também. Estou tomando antibiótico. Estou como mofo no pulmão”, explicou o presidente, sem dar maiores detalhes.

Bolsonaro também teceu elogios à vacina em desenvolvimento pela Universidade de Oxford e afirmou que, “pelo que tudo indica, vai dar certo”. E aproveitou para alfinetar a imunização que vem sendo desenvolvida também pela China, em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo.

“Se fala muito da vacina da covid-19. Nós entramos naquele consórcio de Oxford. Vai dar certo e 100 milhões de unidades chegarão para nós. Não é daquele outro país não, tá ok, pessoal? É de Oxford. Quem não contraiu o vírus até lá... Eu não preciso tomar porque já estou safo”, garantiu, acrescentando que o governo está se “entendendo” com os outros poderes e “começando a engrenar com o Parlamento”.