Título: Gastos sem qualidade
Autor: D'Angelo, Ana
Fonte: Correio Braziliense, 19/01/2013, Economia, p. 12

Para os economistas, o ideal é que o governo corte os gastos desnecessários, sem prejudicar os programas de investimentos, ao mesmo tempo em que garante o superavit primário. O problema é como fazer isso sem prejudicar serviços essenciais à população. O especialista em orçamentos públicos Richard Dubois, sócio da empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), afirma que o país não tem ferramentas de controle eficientes. Ele destaca que o desafio da presidente Dilma Rousseff é fazer a máquina estatal, que é emperrada, funcionar bem.

“A verdade é que o governo sabe quanto desembolsa, mas não sabe o custo total das diversas ações e atividades. Não se tem conhecimento do que é gasto bom ou ruim. Aplicar em escola é positivo, mas o dinheiro desembolsado foi bem utilizado?”, questiona. Para Dubois, o gestor público, mesmo competente, não tem condições de tomar as decisões devidas por não ter as informações adequadas. Com esse cenário, avalia, o critério de corte de gastos passa a ser político, baseado no poder de pressão que cada agente tem dentro da máquina pública.

Juros Para Dubois, o governo também deveria ter a coragem de rever o modelo de superavit primário, imposto pelo FMI, que não inclui as despesas destinadas aos pagamento de juros, e passar a seguir o padrão internacional. “Os encargos da dívida são despesas como qualquer outra”, afirma ele, ressaltando que os países avançados fazem a conta da economia que precisa obter considerando todos os gastos que têm. Assim, o superavit a ser obtido passaria a ser próximo do zero.