Correio braziliense, n. 20887 , 31/07/2020. Economia, p.7

 

Déficit alcança R$ 417 bilhões

Marina Barbosa

31/07/2020

 

 

A pandemia do novo coronavírus provocou um rombo de R$ 417,2 bilhões nas contas públicas federais no primeiro semestre, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional. O valor é recorde, e a estimativa para todo o ano é de que o deficit primário (sem conta a conta de juros) atinja quase R$ 800 bilhões.

O saldo negativo do primeiro semestre equivale a 6,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e é quase 20 vezes maior do que o do mesmo período do ano passado, de R$ 23,9 bilhões. O rombo também supera, em muito, a meta primária de R$ 124,1 bilhões de deficit que o governo tinha para todo o ano de 2020. No entanto, devido à decretação de estado de calamidade pública e à criação do chamado Orçamento de Guerra, essa obrigação não será válida para este ano.

A pandemia elevou os gastos e reduziu as receitas do governo. Segundo o Tesouro, as despesas públicas cresceram 40,3%, em R$ 271,1 bilhões, no primeiro semestre deste ano devido às medidas de enfrentamento à pandemia. Entre essas ações, o governo destaca o aumento das transferências para a Saúde, para os estados e os municípios; a criação de programas assistenciais como o auxílio emergencial; e a antecipação do 13º salário dos aposentados e pensionistas.

A antecipação do 13º, por sinal, dobrou o deficit da Previdência Social, que chegou a R$ 195,4 bilhões no primeiro semestre. O Tesouro e o Banco Central, em conjunto, tiveram rombo de R$ 221,9 bilhões.

Por outro lado, houve um decréscimo de 16,5% na receita líquida do governo — uma frustração de R$ 130 bilhões — devido à queda na arrecadação de impostos provocada pela retração da atividade econômica e pelas medidas tomadas para dar um alívio tributário ao setor privado.

Só em junho, diferença entre receitas e despesas do governo federal foi de R$ 194,7 bilhões, o pior resultado mensal da série histórica.

O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, fez questão de destacar que o rombo se deve à covid-19. Ele disse que, não fosse a pandemia, os gastos públicos seguiriam patamar semelhante ao do ano passado. E reforçou que o governo está atento ao teto de gastos, mesmo diante dos projetos que tentam ampliar a assistência social e incentivar a geração de empregos no pós-coronavírus. "Os novos programas que exigem aumento de despesa estão restritos ao teto. Então, para que o programa seja viabilizado, vai precisar rever as despesas", afirmou Funchal.

Empoçamento

Apesar da pandemia do novo coronavírus exigir o aumento dos gastos públicos, o governo federal deixou de executar R$ 31,1 bilhões do orçamento liberado para o primeiro semestre deste ano. O empoçamento acontece, sobretudo, em ministérios fundamentais para o combate à covid-19, como a Saúde e a Cidadania.

“Em junho de 2020, o empoçamento totalizou R$ 31,1 bilhões”, revela o relatório sobre o resultado do Tesouro Nacional em junho, divulgado ontem. O montante representa 21,8% do limite de pagamento do governo central no primeiro semestre e avançou, sobretudo, após o início da pandemia.

Bruno Funchal afirmou que era de se esperar o aumento do empoçamento nesse momento de crise. “Dado que teve uma aceleração das despesas, é de se esperar que tenha também, em termos nominais, um maior volume de empoçamento”, alegou.

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Caixa retoma crédito com garantia de imóvel

Renata Rios

31/07/2020

 

 

Financiamento conhecido como home equity, que estava suspenso, será retomado a partir da próxima segunda-feira. Modalidade permite que cliente escolha forma de atualização das parcelas e use os recursos como quiser

Quem busca um financiamento e possui imóvel próprio poderá, a partir de segunda-feira, aproveitar o novo modelo da Caixa Econômica Federal, que relança a Real Fácil Caixa, uma operação de crédito para pessoa física conhecida como home equity — modalidade de crédito pessoal que utiliza o imóvel como garantia. A principal vantagem é a taxa de juros reduzida em comparação a outros tipos de financiamento.  Os recursos podem ser usados como o cliente quiser.

O volume do home equity no Brasil é R$ 11 bilhões. Na Caixa, é de R$ 3,5 bilhões, o que equivale a 32% de participação no mercado. O banco pretende ampliar significativamente sua fatia e tem expectativa de contratação de R$ 40 bilhões nos próximos anos. A medida pode aumentar oferta de recursos durante a pandemia de covid-19.

“Esse modelo de crédito já existia. A Caixa, por ser o banco com mais participação na carteira imobiliária no Brasil, não vinha ofertando esse tipo de linha, mas decidiu entrar pesado e deve ter uma influência significativa no mercado”, avaliou Bruno Vinícius Ramos Fernandes, professor do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília (UnB).

Para facilitar a escolha do cliente, é possível fazer simulações no endereço www.caixa.gov.br

No site, é possível comparar a taxa de juros e as condições para o empréstimo, que variam de acordo com as características escolhidas para o produto e o relacionamento do cliente com o banco. A contratação do serviço pode ser feita nas agências da Caixa e nos correspondentes Caixa Aqui.

Na contratação, o cliente escolhe a forma de atualização das parcelas do empréstimo entre TR, IPCA ou Taxa Fixa. Na primeira fase deste relançamento, serão aceitos tanto imóveis residenciais quanto comerciais, com a condição de o imóvel não ter ônus.

Fernandes recomenda que o cliente opte pela taxa fixa. “Hoje, a TR está zerada, mas não sabemos a que nível ela pode chegar. Dentro desse contexto, seria mais indicada a opção pela taxa fixa pois, apesar de ser mais alta, o cliente sabe quanto irá pagar. Nas outras modalidades, pode acontecer alguma surpresa”, explicou.

De acordo com o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, as taxas podem variar, a depender a relação do cliente com o banco. Outra escolha do cliente é o sistema de amortização, que pode ser o Sistema de Amortização Constante (SAC) ou Sistema Francês de Amortização (Price).

Na segunda fase do Real Fácil Caixa serão aceitos imóveis com ônus como garantia. Recentemente, o Banco Central anunciou novas regras que permitem o uso de imóveis já alienados fiduciariamente na obtenção de novos créditos, por meio de compartilhamento da garantia.

Lotes

A Caixa anunciou, também, que voltará a disponibilizar a linha de financiamento de lote urbano e oferta diferenciada de juros para quem busca a modalidade de construção individual. “Depois que o Brasil entrou nessa crise financeira, o programa Minha Casa Minha Vida foi afetado”, pondera Fernandes, que complementa: “Esse novo programa vem para tentar reacender o mercado imobiliário, só que de uma maneira diferente, incentivando a construção”.

Para quem está na dúvida se apostar na casa própria é uma boa, o especialista acredita que sim. “Com relação à casa própria, sabemos que é o sonho de todo brasileiro e acaba sendo importante para as finanças familiares, porque, a partir do momento em que você conquista a casa própria, é uma despesa a menos”, destacou. “Eu não tenho dúvida que é o melhor investimento para as famílias que estão na base da pirâmide, principalmente no cenário atual que as taxas de juros estão muito baixas e a poupança está rendendo muito pouco”, concluiu.

Fique ligado

Condições do Real Fácil Caixa

IPCA + juros

A partir de 0,6% ao mês

mais IPCA

Até 180 meses de prazo

Quota máxima de financiamento em relação ao valor do imóvel: 50%

TR juros

A partir de 0,7% ao mês

além da TR

Até 180 meses de prazo

Quota máxima de financiamento em relação ao valor do imóvel: 60%

Taxa fixa

A partir de 0,8% ao mês

Até 180 meses de prazo

Quota máxima de

financiamento em relação ao valor do imóvel: 60%

Fonte: Caixa Econômica Federal