Correio braziliense, n. 20887 , 31/07/2020. Economia, p.8

 

Petrobrás tem prejuízo de R$ 2,7 bilhões

Simone Kafruni

31/07/2020

 

 

A Petrobras registrou prejuízo de R$ 2,7 bilhões no segundo trimestre de 2020, conforme balanço financeiro divulgado ontem. No ano passado, a estatal teve lucro de R$ 18,8 bilhões no mesmo período. No primeiro trimestre deste ano, no entanto, a perda havia sido de R$ 48,5 bilhões. Em 2020, a companhia acumula resultado negativo de R$ 51,2 bilhões ante lucro de R$ 22,9 bilhões no mesmo período do ano passado.

O resultado foi melhor do que o projetado pelo mercado. Os bancos esperavam que a estatal mostrasse prejuízo entre R$ 8,5 bilhões a R$ 23 bilhões, sendo esta última estimativa do Credit Suisse. Segundo a Petrobras, o prejuízo só não foi maior porque a companhia teve ganho de R$ 10,9 bilhões referentes à exclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da base de cálculo do PIS/Cofins entre outubro de 2001 e junho de 2020. Por conta da decisão favorável da Justiça Federal, a petroleira terá R$ 16,9 bilhões a receber do governo federal.

“Nossa capacidade de reação e nossa estratégia têm se mostrado eficazes no enfrentamento da crise e da recessão global. Seguiremos trabalhando e tomando as decisões necessárias para tornar a Petrobras uma empresa ainda mais resiliente e geradora de valor”, comentou a diretora Executiva Financeira e de Relacionamento com Investidores, Andrea Almeida.

Além disso, a empresa informou que não houve novas baixas contábeis, como no primeiro trimestre deste ano. “Excluindo esses fatores, o resultado teria sido pior, devido aos impactos da covid-19 em nossas operações, com reflexo nos preços, margens e volumes”, disse Andrea. O lucro também foi afetado, porque as despesas com vendas subiram 14% devido à desvalorização cambial e aos maiores custos logísticos.

“Mesmo em um cenário desafiador como o segundo trimestre de 2020, a Petrobras conseguiu apresentar sólidos resultados em função de decisões ágeis tomadas logo no início da crise. A companhia fechou o trimestre com Ebitda (lucro antes de impostos, juros e depreciação) recorrente de US$ 3,4 bilhões e fluxo de caixa livre de US$ 3,0 bilhões. Os números mostram que, mesmo com redução de 42% no preço do barril de petróleo e queda na demanda interna por derivados no período, a companhia seguiu firme em sua operação e com caixa para garantir sua liquidez”, informou a estatal, em relatório.

O documento destacou que o resultado líquido da companhia reflete, também, o impacto das indenizações a funcionários por conta dos programas de desligamento voluntário (PDVs), do Programa de Aposentadoria Incentivada (PAI) e do resultado financeiro, com prejuízo líquido recorrente de US$ 2,5 bilhões. “Nesse cenário desafiador, a Petrobras conseguiu fechar o trimestre com uma dívida bruta de US$ 91,2 bilhões, um aumento de apenas US$ 2 bilhões em relação ao trimestre anterior.”

Para especialistas, o controle do endividamento foi um dos pontos positivos do balanço. “A primeira impressão dos resultados é negativa, uma vez que receitas, Ebitda ajustado recorrente e lucro líquido recorrente vieram abaixo das expectativas”, avaliou Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. “Todavia, o controle do endividamento realça a capacidade de gestão da companhia e pode abrandar a recepção dos números por parte do mercado.”

O equacionamento da dívida, segundo a companhia, foi importante para reforçar o caixa e garantir liquidez para enfrentar o momento de maior volatilidade. “A partir do segundo semestre, a companhia já começa o pré-pagamento de linhas de crédito rotativas para que o caixa se aproxime aos patamares pré-crise. No último dia 27, por exemplo, realizou o pré-pagamento de US$ 3,5 bilhões, do total de US$ 8 bilhões das linhas de crédito compromissadas.”

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Preço da gasolina 4% nas refinarias

Israel Medeiros*

31/07/2020

 

 

A Petrobras anunciou, ontem, uma redução de 4% no preço da gasolina nas refinarias. O impacto por litro será de R$ 0,0692, de forma linear para todos os polos. A estatal não alterou o valor do diesel. O reflexo desse movimento para o consumidor poderá ser sentido nos próximos dias, mas tudo depende da estratégia de venda de cada posto de revenda.

Desde 7 de maio, a companhia vem aumentando o preço da gasolina nas refinarias, praticamente, uma vez por semana. Essa é a primeira redução, desde então. Antes do atual reajuste, o produto acumulava queda de mais de 10% no ano. Agora, passou a acumular redução de 13,8%.

Em 2020, foram 22 reajustes no valor da gasolina comercializada nas refinarias para as distribuidoras do combustível. O 23º entrará em vigor nesta sexta-feira. No total, foram 10 aumentos e 12 reduções, sendo a retração anunciada ontem a 13ª queda no valor. Com a redução de 4% a partir de hoje, o preço médio da gasolina vendida pela Petrobras para as distribuidoras passa a ser de R$ 1,65 por litro.

Em Brasília, é possível encontrar gasolina nas bombas por menos de R$ 4. De acordo com levantamento da ANP em 47 postos do Distrito Federal, o preço médio da gasolina comum para o consumidor na semana de 19 e 25 de julho foi de R$ 4,144. O menor preço encontrado foi de R$ 3,799 e o maior, de R$ 4,459.

Nesta semana, os preços têm variado. O profissional de segurança privada Manoel Aguiar, de 47 anos, costuma abastecer o carro na Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB) e no Guará. Ele chegou a encontrar o combustível por R$ 3,89 o litro, na última segunda-feira.

Já Humberto Otaviano, 64, aposentado do serviço público, abasteceu ontem à tarde e pagou R$ 4,08 pelo litro da gasolina comum em um posto entre Samambaia e Taguatinga. Para ele, há pouca diferença nos preços praticados entre os postos. “Houve uma estabilidade, na média, e a variação se deve à competição de um para outro posto, porém há pouca diferença”, afirmou. (Com Simone Kafruni)

*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo