Título: Assistência completa
Autor: Chaib, Julia; Castro, Grasielle
Fonte: Correio Braziliense, 22/01/2013, Brasil, p. 7

Cartazes com os dizeres "nem todos que usam crack são viciados", "internação compulsória não" e "direitos humanos já" estamparam a porta do Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod) ontem. Manifestantes fizeram um protesto por uma ação mais humana de combate ao crack. Enquanto familiares procuraram o Cratod em busca de ajuda, representantes de movimentos sociais expunham o lado do usuário de drogas, da proteção à liberdade individual e da fragilidade do sistema de recuperação dos dependentes químicos.

O padre Júlio Lancelloti, membro da Pastoral de Rua da Arquidiocese de São Paulo, considera que a atitude do estado pula etapas. Para ele, a internação deveria ser a última opção. "O que precisamos é ter uma assistência social democrática, universal e ao alcance das famílias." Lancelloti aponta como solução a criação de Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) em todos os bairros.

Em carta aberta, o Movimento Luz Livre, que apoia o protesto, argumenta que a política do governo é higienista, porque atinge uma parcela muito frágil da sociedade. "A população em situação de rua vive para além das drogas, responde, sim, por si própria, é capaz e deve ter o direito de escolher quando e como fará seu tratamento, devendo, portanto, ser tratada com a mesma dignidade de qualquer outro ser humano", afirma trecho do documento.