O globo, n. 31729, 20/06/2020. Rio, p. 22
Prefeitura pode adiar fase em caso de segunda onda
Luiz Ernesto Magalhães
20/06/2020
Crivella disse que corrupção na Saúde é o ‘fim do mundo’ e criticou postura do governo do estado na pandemia
Primeiro, o prefeito Marcelo Crivella adiantou a segunda fase do plano de flexibilização do município com a abertura de shoppings antes da data prevista. Depois, disse que cogitava a antecipação em dez dias da terceira etapa, que começaria em julho, com a retomada do comércio de rua. Ontem, ele admitiu a possibilidade de a reabertura das atividades econômicas no Rio resultarem numa segunda onda de casos de Covid-19, como aventou quinta-feira o próprio secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry. Caso este cenário se torne real, Crivella não descarta adiar ou até retroceder etapas — a cidade se encontra na segunda das seis fases previstas.
— Tem risco. Se o Hospital Ronaldo Gazolla (em Acari, de referência para tratamento do novo coronavírus) e o hospital de campanha do Riocentro ficarem entupidos de gente, e o mesmo acontecer na Baixada Fluminense, nós vamos fechar tudo —disse o prefeito, durante uma
Cerimônia no Riocentro em que firmou o empréstimo de 50 respiradores e 40 monitores aos municípios de Duque de Caxias, Queimados, Itaguaí e Petrópolis.
Um dos objetivos da prefeitura com a medida é tentar desafogar a demanda por vagas na rede municipal do Rio. No evento, Crivella alfinetou a postura do governo
Estadual durante a pandemia, ressaltando que ele precisa “cumprir a sua parte’’. O prefeito pontuou a não abertura de hospitais de campanha em meio a denúncias de superfaturamento nos contratos firmados pela secretaria de estado de Saúde. Sem especificar qual, ele definiu o escândalo de corrupção como “fim do mundo’’:
— Desgraçadamente descobrimos que irmãos nossos usavam o desespero das pessoas para ganhar dinheiro. É o fim do mundo. Os responsáveis vão se reeducar nas penas que cumprirão nos presídios. Crivella revelou também ainda esperar por mais recursos para a própria rede de Saúde do município. Segundo ele, o estado ainda não cumpriu um acordo firmado há mais de um ano, que envolve um repasse de R$ 57 milhões como aporte extra para ajudar no custeio dos hospitais Albert Schweitzer, em Realengo, e Rocha Faria, em Campo Grande, municipalizados em 2016. Procurado para comentar as declarações do prefeito, o governo do estado não se pronunciou até o fechamento da edição. Segundo boletim de ontem, o estado registrou novas 183 mortes por coronavírus, acumulando 8.595 óbitos desde o início da pandemia. Ao todo, 93.378 pessoas já foram diagnosticados com Covid-19.