Título: Brasil crescerá menos, diz FMI
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Fonte: Correio Braziliense, 24/01/2013, Economia, p. 16

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu para 3,5% a previsão de crescimento do Brasil neste ano, ante estimativa de 3,9% divulgada em outubro último, em meio a uma revisão geral das projeções para a economia global. De acordo com relatório divulgado ontem pela entidade, o mundo também crescerá 3,5% em 2013, ligeiramente menos do que os 3,6% imaginados anteriormente, devido, principalmente, à persistência da debilidade econômica na Zona do Euro.

Diante do fraco desempenho brasileiro em 2012, quando o Produto Interno Bruto (PIB) não deve ter subido mais do que 1%, e das apostas menos ambiciosas para 2013, os economistas do fundo passaram também a questionar a real capacidade do país de retomar com rapidez patamares mais elevados de expansão. O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, disse que a taxa de crescimento potencial do Brasil — ou seja, a alta na produção que pode ser obtida sem provocar desequilíbrios, como o descontrole da inflação — pode ser mais baixa do que se pensava.

Isso seria uma das explicações, segundo Blanchard, para o fracasso do governo em fazer a economia deslanchar, mesmo com todas as medidas de estímulo adotadas nos últimos meses. O diretor do Departamento de Pesquisas do FMI, Jorg Decressin, por sua vez, advertiu que é preciso evitar que as políticas de incentivo ao crescimento, como o aumento de gastos do governo, acabem por enfraquecer o equilíbrio fiscal do país. Ao mesmo tempo, alertou, é necessário desenvolver a infraestrutura para apoiar os investimentos e a produção.

Recessão

De acordo com as estimativas do fundo, a Zona do Euro, que agrega 17 nações europeias, cairá em recessão pelo segundo ano consecutivo em 2013, com uma contração de 0,2%, em vez de um crescimento da mesma magnitude, previsto no relatório de outubro. País sobre o qual se voltam as maiores preocupações dos analistas neste momento, a Espanha sofrerá uma dura retração de 1,5%.

Segundo Blanchard, o pior da crise global já passou, mas a debilidade da Europa e a fraqueza do Japão, que não crescerá mais do que 1,2%, ainda vão pesar sobre a economia mundial neste ano. Para os Estados Unidos, o maior PIB do planeta, a previsão é de alta de 2%. A região da América Latina e do Caribe deve ter expansão de 3,6%. A boa notícia é que o avanço da China, um dos motores da economia global, sairá dos 7,9%, registrados em 2012, para 8,2% em 2013, conforme as previsões.

Stephen Jaffe/AFP - 14/9/11Para Jorg Decressin, o país precisa desenvolver o setor de infraestrutura Aumento de dívidaWashington — A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou ontem, por três meses, o projeto preparado pelos republicanos, que aumenta o teto da dívida dos Estados Unidos, de mais de US$ 15 trilhões. Foi uma meia-vitória para o presidente norte-americano, Barack Obama, que continuará sob pressão para pôr fim a uma pendência que vem tirando o sono dos investidores. A meta da Casa Branca é resolver o problema antes de maio, para acabar com o risco de a maior economia do mundo ser obrigada a dar calote em seus credores.

O projeto, aprovado por 285 votos a favor e 144 votos contra, seguirá para o Senado, onde o Obama acredita que terá amplo sucesso. Em agosto de 2011, o governo enfrentou um grande impasse para a ampliação do teto da dívida, o que agitou os mercados e resultou em um rebaixamento da classificação de crédito “AAA” do governo pela agência Standard and Poor’s (S&P).

A votação na Câmara marcou uma acentuada reviravolta nas promessas republicanas de usar a questão do teto da dívida como uma maneira de extrair cortes de gastos da administração Obama. Mas o presidente da Casa, John Boehner, alertou que os republicanos usarão os cortes orçamentários automáticos para exigir “reformas” no governo.