Correio braziliense, n. 20893, 06/08/2020. Mundo, p. 19

 

Ajuda internacional a caminho

06/08/2020

 

 

Governantes de vários países prestam condolências e prometem apoio à nação árabe, sobretudo na área médica. Presidente Jair Bolsonaro anunciou que o governo brasileiro fará mais que um gesto. “Algo de concreto”, afirmou

 Em meio aos apelos feitos pelo primeiro-ministro do Líbano, Hassan Diab, “a todos os amigos e países irmãos”, a comunidade internacional mobilizou-se para ajudar o país. Ainda ontem, a França enviou três aviões militares, que levaram um destacamento de defesa civil e várias toneladas de equipamento médico, inclusive uma clínica móvel. Países do Golfo, alguns dos quais mantêm relações diplomáticas e econômicas estreitas com o governo libanês, ofereceram auxílio rapidamente. O presidente Jair Bolsonaro prestou solidariedade e anunciou que o Brasil dará seu apoio.

“O Brasil vai fazer mais do que um gesto, algo de concreto, para atender, em parte, aquelas dezenas de milhares de pessoas que estão em uma situação bastante complicada, porque além de feridos, muitas residências foram atingidas. O Brasil está solidário”, assinalou o presidente, em evento no Ministério de Minas e Energia (MME).

“Em nome, obviamente, do governo brasileiro, manifestamos esse sentimento ao povo libanês e estaremos presentes na ajuda àquele povo que tem alguns milhões de seus dentro do nosso país”, acrescentou, lembrando que a comunidade libanesa no Brasil tem em torno de 5 milhões de pessoas.

Bolsonaro contou ainda ter conversado com o embaixador do Líbano no Brasil, Joseph Sayah. Destacou que, desde que ocorreu a tragédia, representantes do Ministério da Defesa e de Relações Exteriores estão em contato com autoridades libanesas para definir o tipo de auxílio que será prestado.

Crise

Fragilizado, o Líbano precisará de toda a ajuda possível para enfrentar as consequências da tragédia, que ocorreu em um momento particularmente delicado. O país atravessa sua pior crise econômica em décadas, marcada por depreciação sem precedentes da moeda, hiperinflação, demissões em massa e restrições drásticas nos bancos, que alimentam protestos há meses.

O auxílio sai de várias partes do mundo. O Kuwait anunciou a chegada de um avião com assistência médica. O emir do Catar, o xeque Tamim bin Hamad Al Thani, telefonou ao presidente do Líbano, Michel Aoun, para oferecer  condolências e informar que o país enviará hospitais de campanha.

O príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohamed Bin Zayed, tuitou a “solidariedade” dos Emirados Árabes Unidos e a famosa torre Burj Khalifa em Dubai, a mais alta do mundo, foi iluminada com as cores da bandeira libanesa. A Arábia Saudita, por sua vez, afirmou que estava acompanhando a situação com “grande preocupação” e ofereceu suas condolências às vítimas.

Grande rival de Riade e muito influente no Líbano, o Irã ofereceu assistência médica, conforme comunicado emitido pelo presidente Hassan Rouhani. Por sua vez, Israel propôs ajuda humanitária e médica ao país vizinho, com o qual tecnicamente está em estado de guerra.

Da Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan prometeu “ajuda humanitária em todas as áreas, especialmente no campo da saúde”. O rei da Jordânia, Abdullah II, ordenou a preparação de um hospital militar de campo para enviar ao Líbano. O egípcio, Abdel Fatah al-Sissi dirigiu suas condolências aos libaneses e as famosas pirâmides de Gizé se iluminaram com as cores do país.

Na Europa, além da França, antiga potência colonial, muitos países estão dispostos a ajudar. A chanceler alemã, Angela Merkel, prometeu apoio — membros da equipe da embaixada em Beirute ficaram feridos nas explosões. A Holanda anunciou que 67 trabalhadores humanitários holandeses partiriam ontem mesmo para Beirute, incluindo médicos, policiais e bombeiros.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, declarou que estava pronto para prestar auxílio, assim como o premiê italiano, Giuseppe Conte. O papa Francisco pediu “orações pelas vítimas, por suas famílias e pelo Líbano” e o envio de “ajuda da comunidade internacional”.

Ainda na noite de terça-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, colocou-se à disposição. “A Rússia compartilha a dor do povo libanês”, reagiu o presidente russo, Vladimir Putin, em um telegrama de condolências ao seu colega libanês.