Correio braziliense, n. 20894, 07/08/2020. Economia, p. 8

 

Poupança capta R$ 27,1 bilhões

07/08/2020

 

 

Apesar de a rentabilidade estar em queda e perder para inflação, a caderneta de poupança vem batendo recordes de depósitos por ser vista como um porto seguro para os brasileiros, segundo analistas. Eles destacam que ela ainda é vista como alternativa para quem não quer arriscar na Bolsa de Valores em meio à recessão provocada pela pandemia de covid-19.

Em junho, segundo o Banco Central, os depósitos superaram as retiradas em R$ 27,1 bilhões. É o maior volume para o mês desde 1995, início da série histórica. No acumulado do ano, o saldo entre depósitos e retiradas ficou positivo em R$ 111,6 bilhões, dado 220% superior ao total das entradas líquidas em todo o ano de 2019, de R$ 34,8 bilhões.

O volume do estoque total da poupança, incluindo o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e a poupança rural, somou R$ 972,7 bilhões até o mês passado, outro recorde histórico desde o início da série, superando o anterior, de junho de 2020, segundo o BC.

O aumento nos depósitos na poupança é curioso quando, com a redução da Selic, para 2% ao ano na última quarta-feira, o rendimento passou de 1,58% para 1,40%, abaixo da expectativa de inflação do mercado, de 1,60%. “Apesar de a poupança já perder para a inflação, o rendimento dos fundos atrelados ao CDI está um fracasso, porque pagam Imposto de Renda e taxa de administração. Além disso, a chance de o pequeno investidor ganhar na Bolsa, agora, com ela acima de 100 mil pontos, é remota, porque esse patamar é alto e não reflete a atual realidade de uma economia em recessão”, explicou a economista Juliana Inhasz, professora do Insper.

“Em época de crise, o importante é não perder o que poupou e, pelo menos, manter o valor investido. Muitos investidores acabam voltando para a poupança para, pelo menos, não perderem o poder de compra do dinheiro”, comentou o economista Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac).