Correio braziliense, n. 20895, 08/08/2020. Economia, p. 9

 

Produção maior nas montadoras

Fernanda Strickland

08/08/2020

 

 

Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que julho apresentou números mais positivos para o setor, depois do tombo dos três meses anteriores. A produção chegou a 170,3 mil unidades, alta de 73% sobre junho, mas ainda 36,2% inferior ao mesmo mês do ano passado.

Apesar da elevação, o ano de 2020 teve o pior julho desde 2003 para o setor. Os emplacamentos de veículos (174,5 mil) cresceram 31,4% sobre junho, mas caíram 28,4% em relação a julho de 2019, pior volume desde 2006. Nas mesmas comparações, as exportações subiram 49,7% e recuaram 30,8%.

“Além de um número maior de dias úteis, julho foi um mês no qual as montadoras e concessionárias fizeram um grande esforço para recompor o caixa prejudicado pela longa quarentena. Ainda temos uma pandemia que não deu trégua, com casos crescentes de covid-19 em estados importantes do país. É como se estivéssemos numa estrada sinuosa e com forte neblina, com grande dificuldade de enxergar o horizonte com clareza”, avaliou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. Em julho, as montadoras fecharam 1,5 mil vagas. No ano, as demissões  chegam a 3,1 mil.

Diante do desempenho mais fraco da indústria, a Anfavea pediu ao governo para prorrogar em dois a três anos o cumprimento de metas de redução de emissões de poluentes estabelecidas no programa Rota 2030. As metas devem entrar em vigor gradualmente entre 2022 e 2025. O setor alega dificuldade para bancar os investimentos necessários, de R$ 12 bilhões, e que teve de suspender testes durante a paralisação causada pela covid-19.

“Uma crise desta dimensão vem afetando todos os campos profissionais, e não é diferente com nossa indústria. Somos a favor das novas etapas de redução de emissões, cujo cronograma ajudamos a elaborar. Essa sugestão de breve adiamento não afeta nosso compromisso com o meio ambiente”, garantiu o presidente da Anfavea.