Correio braziliense, n. 20895, 08/08/2020. Economia, p. 9

 

IBGE: 40 milhões não encontram emprego

Vera Batista

Fernanda Strickland

08/08/2020

 

 

Mais de 40 milhões de brasileiros gostariam de trabalhar, mas não encontraram emprego ou deixaram de procurar, em consequência da crise sanitária pelo coronavírus. Os dados são da Pnad Covid-19 semanal, uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre esses 40,3 milhões, estão 12,3 milhões de desempregados e 27,9 milhões fora da força de trabalho.

O número dos que gostariam de trabalhar, de acordo com o levantamento, ficou estável em relação à semana anterior (28,3 milhões). A quantidade de desempregados, por outro lado, ficou acima do registrado no período precedente, quando eram 12,2 milhões. A taxa de desemprego se manteve estável em 13,1%.

De acordo com o economista Cesar Bergo, sócio-investidor da Corretora OpenInvest, o pior do desemprego e do desalento já passou. “O encaminhamento da reforma tributária e a promessa de retomada da reforma administrativa deram novo ânimo ao mercado”, afirmou. Segundo ele, a partir de setembro, a expectativa é de melhora na confiança de empresários e investidores e, com isso, de abertura de vagas. “É claro que um retorno à situação pré-pandemia talvez ocorra somente em dois ou três anos. Mas quando o ambiente de negócios muda, tudo muda”, afirmou.

Na prática, os cidadãos ainda sofrem. Moradora do Gama, Cristina Barros, 45 anos, brigadista de segurança em eventos, foi dispensada no ano passado e desde então vem procurando emprego. "Muitas empresas apenas pegam o currículo, mas não dão oportunidades. Tenho vários amigos da área que também não conseguem novos trabalhos", disse.

Edis Henrique da Silva Peres, 22, estudante, viu a vida financeira se deteriorar desde o início da crise. A esposa, Jeyze Karyne dos Santos Brito, 21, foi demitida. Em seguida, aconteceu o mesmo com ele. “Durante semanas de busca, não apareceu nada nos agentes integradores, sites de freelancer e muito menos no mercado formal, de carteira assinada e benefícios. A sensação é que realmente somos reféns de qualquer proposta. Assim, caso alguma oportunidade apareça, é preciso agarrá-la e se adaptar a ela. Sabe-se lá quando outra vaga pode aparecer.”

Gabriel Fontele, 19 anos, terminou o ensino médio em 2019 e aguarda uma oportunidade. No entanto, não encontra vagas disponíveis. “Tenho enviado currículo para várias empresas, mas percebo que, com a pandemia, ficou mais difícil ser chamado”, lamentou.