O globo, n. 31735, 26/06/2020. Economia, p. 19
Auxílio prorrogado
Manoel Ventura
Marcello Corrêa
Gustavo Maia
26/06/2020
Parcelas deverão ser de R$ 500, R$ 400 e R$ 300
Depois de um dia de vaivém, o presidente Jair Bolsonaro disse ontem, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, que o auxílio emergencial será prorrogado por mais três meses. O benefício, segundo ele, será reduzido gradualmente, com parcelas que devem ser de R $500, R $400 e R$ 300. Depois, o pagamento da assistência a trabalhadores informais criado por conta da crise causada pelo novo coronavírus seria encerrado. Bolsonaro disse que sua equipe ainda trabalha nos cálculos para oficializara prorrogação.
—O auxílio emergencial vai partir para uma adequação. Serão, com toda certeza, R$ 1.200, em três parcelas. Deve ser, estamos estudando, R$ 500, R $400 e R $300— afirmou, em transmissão ao vivo ontem nas redes sociais.
Em seguida, Guedes praticamente confirmou a prorrogação do auxílio nesse formato.
— Tivemos três meses de R$ 600. Vamos ter mais três meses descendo. R$ 500, R $400 e R $300— afirmou o ministro da Economia.
Hoje, o benefício pago a trabalhadores informais é de R$ 600. Inicialmente, o programa tinha previsão de durar três meses. A gravidade da crise do coronavírus, no entanto, fez com que o governo precisasse planejar uma extensão dos pagamentos. Inicialmente, o governo planejava pagar mais duas parcelas do auxílio emergencial, no valor de R$ 300 cada uma.
De acordo com um interlocutor do ministro da Economia, a extensão teria um custo de aproximadamente R$ 100 bilhões. Cada pagamento de R $600 custa aos cofres públicos R $51 bilhões. A prorrogação do auxílio emergencial com novos valores depende de aprovação no Congresso.
Nos últimos dias, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem defendido uma extensão mais abrangente do programa, com a manutenção do valor integral.
— Eu continuo defendendo duas parcelas de R$ 600 e uma discussão rápida, nesses 60 dias, do governo com o Congresso Nacional de uma renda mínima permanente —disse Maia, ontem.
MAL-ESTAR NO GOVERNO
A ideia do governo, no começo da pandemia, era propor um auxílio de R $200, porque ovalo ré próximo da média de R$ 190 paga ao Bolsa Família. No Congresso, no entanto, esse valor subiu. Primeiro, o Senado aprovou um benefício de R $300. Depois, a Câmara elevou o repasse a R$500. Na última hora, Bolsonaro fechou um acordo, chegando aos atuais R$ 600.
O anúncio do presidente sobre a prorrogação foi feito após um dia de idas e vindas e de uma queda de braço dentro do governo. Pela manhã, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, chegou a publicar em rede social detalhes sobre a nova rodada de pagamentos, mas apagou o texto. À tarde, o Ministério da Cidadania convocou coletiva sobre o programa, mas acabou cancelando a agenda.
A postagem, no entanto, incomodou técnicos do Ministério da Cidadania. Na pasta, há quem defenda a aprovação de mais dois repasses de R$ 600. Procurada, a assessoria de imprensa de Ramos disse que a postagem estava incorreta eque esse assunto ainda estaria em discussão.
No fim do dia, Guedes foi chamado para participar da transmissão semanal queBol sonar o faz pelas redes sociais. O ministro da Economia dissequea terceira parcelado auxílio emergencial começará a ser paga neste sábado, sem entrar em detalhes.
— Nós estamos, agora no sábado, pagando mais uma parcela para 60 milhões de brasileiros. Deste próximo sábado até o sábado que vem, 60 milhões de brasileiros recebem mais uma parcela —disse Guedes.
PERDÃO DE DÍVIDAS
O ministro disse ainda que o governo estuda a possibilidade de perdoar empréstimos tomados pelas pequenas empresas durante a pandemia. O perdão seria oferecido àquelas que mantiverem o pagamento dos impostos em dia no próximo ano, como revelou O GLOBO na segunda-feira.
—Nós estamos estudando o bônus de adimplência, que é o seguinte: o sujeito pequenininho, que foi lá, pegou o empréstimo, trabalhou bem, conseguiu se recuperar lá na frente, pagou os impostos, a gente pode dar o bônus de adimplência, e perdoar o crédito. Nós estamos estudando isso para os pequenininhos —explicou Guedes.
O ministro comentou também o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), concluído anteontem, que manteve a proibição de reduzir o salário de servidores públicos de União, estados e municípios. Para Guedes, a opinião pública não é a favor dessa avaliação, pois vê como “privilégios mantidos”.