Título: Advogado: Resgate desastroso
Autor: Mariz, Renata; Almeida, Amanda; Valadares, João
Fonte: Correio Braziliense, 31/01/2013, Política, p. 4

Defensor de Elissandro Spohr, um dos donos da boate Kiss, o advogado Jader Marques admitiu que o cliente pode ter acrescentado a espuma altamente inflável, que é proibida por lei municipal, ao projeto de reforma da casa noturna, sem o conhecimento de qualquer autoridade. No entanto, ele refutou as acusações de que a boate não tinha a documentação necessária para funcionar, que estava superlotada no momento do incêndio, de falha nos extintores, e de destruição de provas. As críticas mais pesadas, entretanto, foram dirigidas ao Corpo de Bombeiros. O advogado classificou o resgate como "desastroso".

Segundo Marques, funcionários da Kiss acionaram o Corpo de Bombeiros de Santa Maria, mas não foram atendidos nas primeiras ligações. Ele apontou ainda falta de contingente para lidar com a situação e de preparo, ao criticar o fato de civis terem auxiliado no resgate de vítimas. Consultado pelo Correio, o comandante do Corpo de Bombeiros de Santa Maria, Moisés da Silva Fux, afirmou que a primeira ligação se deu entre 3h17 e 3h20. Cerca de três minutos depois, a equipe já estava lá. "O que sabemos é a hora da ligação que gerou o registro e o deslocamento", destacou Fux.

Marques, advogado de Kiko, apresentou documentos que comprovariam o envio do circuito interno de vídeo para a manutenção, ao contrário da suspeita da polícia de que os sócios destruíram as imagens. Ele informou que os donos da casa noturna cumpriram rigorosamente o termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Ministério Público. "O Ministério Público esteve no local, fotografou e determinou a obra antirruído. Depois de concluída, voltou à boate e fotografou mais uma vez. O MP entrou e saiu da casa em diversas ocasiões. Se hoje nós verificamos um cenário de que a casa não dava conta, é preciso que se saiba que tudo foi fiscalizado e aprovado", disse.

Ele destacou também que a casa aguarda a vistoria do Corpo de Bombeiros desde outubro passado, não sendo responsável pela burocracia e pela demora que envolve a visita da corporação. Mas admitiu que a espuma pode ter sido colocada à revelia do MP e dos bombeiros. O advogado confirmou a informação de que Kiko, sob custódia da polícia em um hospital de Cruz Alta, na vizinhança de Santa Maria, tentou se matar. O empresário teria tentando se enforcar, sendo impedido pelos policiais que fazem sua escolta. Marques ressaltou que Kiko ajudou no resgate até quase de manhã e procurou a polícia espontaneamente, por ter sentido risco de linchamento.