Título: Treinamento pode fazer a diferença
Autor: Mariz, Renata; Almeida, Amanda; Valadares, João
Fonte: Correio Braziliense, 31/01/2013, Política, p. 4

Saber como agir em caso de incêndio pode diminuir as proporções de uma tragédia. É o que dizem especialistas ao defender a inclusão de treinamento específico e cursos de primeiros socorros no currículo dos ensinos fundamental e médio. Apesar de algumas empresas e escolas darem orientações a funcionários e alunos, a prática não é comum no país. O Ministério da Educação diz que não há estudos que indiquem a necessidade de inclusão desses itens.

O coronel Mauro Sérgio de Oliveira, chefe da comunicação social do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, diz que o pânico é um dos principais inimigos da luta por sobrevivência em situações de emergência. "Manter a calma é muito importante, mas é extremamente difícil. Por isso, é fundamental ter muito treinamento. Somos a favor de que, desde criança, a população seja treinada a como agir nessas situações", explica o militar, acrescentando que a corporação costuma ir às escolas que procuram esse tipo de orientação.

Comandante-geral do Corpo de Bombeiros de Pernambuco e presidente da Liga Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil, Carlos Eduardo Casa Nova assegura que os estados fazem ações pontuais, como palestras e distribuição de folhetos e cartilhas nas escolas. "A iniciativa precisa ganhar corpo. É o que fazem norte-americanos, japoneses e europeus, até pela própria história deles de tragédias. Na Europa, é medido o tempo de evacuação dos prédios. Isso já começa a ser feito aqui."

Casa Nova explica ainda que o treinamento tem de ser feito periodicamente. Em um primeiro momento, as pessoas são avisadas do dia e da hora em que soará o alarme de incêndio, para que procedam conforme as orientações dos bombeiros (veja quadro). Depois, sabem apenas o dia em que ocorrerá o treinamento. E, na última fase da preparação, as pessoas apenas recebem a informação sobre a semana em que o alarme vai disparar. A ideia é que, reduzindo o grau de detalhamento das simulações de incêndio, as pessoas passem a agir naturalmente — e com tranquilidade — quando a sirene de alerta for acionada.

"Há coisas básicas que todos deveriam saber. Por exemplo: sempre que entrar em um ambiente fechado, preste atenção nas saídas de emergência. Por isso, treinamentos contra incêndio são tão importantes. Mas, no Brasil, é necessário que uma tragédia aconteça para que se tome alguma atitude", lamenta o presidente do Sindicato dos Bombeiros Civis de São Paulo, Derivaldo Alves do Nascimento, que também defende a incorporação do treinamento nos currículos escolares. Um projeto com a obrigatoriedade do procedimento em escolas públicas e particulares chegou a tramitar na Câmara dos Deputados, mas foi arquivado.