Título: Pente-fino nas festas infantis
Autor: Mariz, Renata; Almeida, Amanda; Valadares, João
Fonte: Correio Braziliense, 31/01/2013, Política, p. 4

O risco é menor do que em uma boate, mas as casas de festas infantis também precisam cumprir normas de segurança contra incêndios e acidentes. A Defesa Civil prepara um cronograma para fiscalizar a qualidade da manutenção dos brinquedos nos bufês. Até hoje, o Distrito Federal não registrou acidentes graves envolvendo estabelecimentos de festas para crianças.

O Correio visitou duas casas de festas, uma na Asa Sul e outra na Asa Norte. As duas têm a documentação para funcionar em dia. O espaço da Asa Sul tem nove anos de experiência com aniversários de crianças. Todos os brinquedos, eletrônicos e mecânicos, estão concentrados no subsolo da loja, onde não existe saída de emergência.

Apesar disso, o nível inferior contava com pelo menos dois extintores e sinalização da saída. Ao ser questionada sobre a fiscalização da segurança, uma funcionária informou que a empresa tem um mecânico que dá manutenção nos equipamentos pelo menos uma vez por semana e no dia da festa. "A fiscalização em cima da gente é bem incisiva. A gente só funciona porque está com tudo em dia", disse a atendente.

O espaço de festas da Asa Norte, por sua vez, conta com trens suspensos, arvorismo e outros brinquedos com maior risco. A gerente explicou que todo o equipamento passa por constante manutenção por técnicos que vêm de São Paulo e também por um funcionário que recebeu treinamento específico para dar suporte aos equipamentos. Além disso, as portas do estabelecimento são amplas e os brinquedos são divididos entre o térreo e o mezanino. Em todos os ambientes, há extintores à mão e sinalização da saída.

Apesar da crescente sofisticação dos espaços infantis, o Corpo de Bombeiros não vê na atividade uma classificação alta de risco de incêndio. "Não é o caso, por exemplo, de superlotação, como ocorre em boates. Essas casas também não precisam de isolamento acústico", explica o tenente-coronel Mauro Sérgio de Oliveira, chefe da comunicação da corporação.

Um dos complicadores, em caso de fogo, é o acúmulo de materiais plásticos, por isso, a inspeção costuma ser rigorosa em relação a extintores de incêndio. Para Oliveira, no entanto, a estrutura em si oferece pouco risco. O mais importante é atentar a alguns serviços contratados pelas casas. As carrocinhas de pipoca e cachorro-quente, por exemplo, funcionam com butijões de gás e, dessa forma, requerem cuidados dobrados. "É o manuseio inadequado de equipamentos assim que geralmente acaba provocando acidentes", afirma Oliveira.

Assim como as boates, os bufês infantis passam por inspeções dos bombeiros antes de receber a licença de funcionamento e quando precisam renovar a documentação. Até 2010, o procedimento era feito anualmente. Agora, o licenciamento é revalidado a cada cinco anos. No mais, pode ocorrer de o estabelecimento receber a visita de vistoriadores em ações aleatórias.

Acidentes A maior preocupação das empresas de entretenimento infantil e das autoridades está na manutenção dos brinquedos. De acordo com o major Rogério Dutra, engenheiro da Defesa Civil, em 2011 a Associação Brasileira de Normas Técnicas lançou normas de padronização para a manutenção dos brinquedos de parques de diversões. Como muitos bufês adquirem equipamentos semelhantes para aumentar a atratividade da casa, eles devem obedecer aos mesmos padrões. É da Defesa Civil a atribuição de verificar se os equipamentos estão nas condições adequadas.

Mas ocorre que, segundo Dutra, muitas casas de festa infantil obtêm licença apenas como bufê, atividade que não contempla o risco oferecido pelos brinquedos. "Pedimos a todas as administrações regionais que levantassem quantos espaços têm essas características para que possamos iniciar as vistorias", explica o major.