Correio braziliense, n. 20899, 12/08/2020. Saúde, p. 13

 

Exames criados na USP podem melhorar a testagem

12/08/2020

 

 

Dois testes para a covid-19 desenvolvidos pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) podem reduzir o tempo de resultado e o custo dos exames, aumentando o potencial de testagem no país. Os métodos diagnósticos já tiveram a eficácia comprovada e estão prontos para uso, segundo os cientistas responsáveis.

Testes rápidos e confiáveis podem ajudar a frear a pandemia provocada pelo Sars-CoV-2, pois quanto mais rápida a detecção da doença, mais cedo uma pessoa infectada é isolada, reduzindo o potencial de contágio. De acordo com o ICB-USP, os exames poderão ser realizados em cidades de pequeno e médio porte — que, muitas vezes, não têm acesso ao PCR, considerado o padrão ouro para a identificação do vírus.

Além do PCR, realizado por meio da análise das secreções das vias respiratórias, os pesquisadores do ICB-USP desenvolveram um teste sorológico, baseado do método ELISA, que detecta se a pessoa já teve contato com o Sars-CoV-2. Os estudos foram conduzidos pelo virologista Edison Luiz Durigon, coordenador do Laboratório de Virologia Clínica e Molecular do instituto.

Reagentes nacionais

Os pesquisadores destacam que o PCR do ICB poderá ser feito com um equipamento facilmente encontrado em universidades, hospitais e laboratórios. Como os reagentes utilizados são produzidos no Brasil, o custo do teste fica bastante reduzido (R$ 15, contra R$ 80). O ELISA, que detecta, no sangue, os anticorpos IgA, IgM e IgG para descobrir se o paciente está ou já esteve infectado pelo coronavírus — inclusive em casos assintomáticos — também ficará significativamente mais barato: R$ 20, comparado aos R$ 500 cobrados em laboratórios particulares.

Segundo os pesquisadores da USP, um laboratório equipado para o PCR do ICB pode fazer cerca de 100 testes por dia, e 500, no caso do ELISA. “O PCR convencional é uma tecnologia implantada há mais de 20 anos. Hospitais e universidades do mundo todo já têm acesso a ela. A produção das proteínas para o ELISA também não é cara e pode ser realizada em qualquer país. Os dois métodos que desenvolvemos podem ser usados facilmente em países da África, da América do Sul ou do Caribe”, afirmou, por meio de nota, o diretor do ICB, Luís Carlos de Souza Ferreira. (PO)

R$ 15 Preço do teste PCR, considerado padrão ouro para a identificação do Sars-CoV-2, desenvolvido pela USP. O mesmo exame chega a custar R$ 80