Título: 25% de álcool no tanque
Autor: Ribas, Sílvio; Dinardo, Ana Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 31/01/2013, Economia, p. 14
O governo acertou ontem, com os produtores nacionais de cana- de-açúcar, a antecipação para 1º de maio do aumento da mistura de álcool combustível à gasolina, dos atuais 20% para 25%. A previsão original era de que o retorno ao percentual, reduzido desde outubro, só ocorreria em junho.
"Os empresários do etanol nos garantiram o fornecimento dos novos volumes, e os estoques estão em níveis adequados, reforçando a nossa decisão", afirmou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, após reunião com líderes dos produtores e o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Lobão informou ainda que os representantes do setor se comprometeram a produzir cerca de 27 bilhões de litros de etanol na atual safra (2012/2013). O montante é cinco bilhões de litros maior que a última, de 22 bilhões. Em 17 de janeiro, já ciente dessa perspectiva, o ministro acenou com a esperada ampliação do percentual só no fim do semestre.
O governo está estudando também novas medidas fiscais e outros instrumentos para incentivar os investimentos em produção de etanol, disse Lobão. "Vamos avaliar formas de incentivar ainda mais o uso do combustível renovável", informou, ressaltando que nada ainda foi definido nesse sentido. O ministro não quis dimensionar o impacto na inflação das últimas medidas adotadas pelo governo: elevação do preço da gasolina e maior volume de álcool na sua composição, combinado à redução da conta de luz.
Ele admitiu que o aumento da mistura de etanol na gasolina vai ajudar a melhorar o caixa da Petrobras, porque a estatal vai importar menos gasolina a um preço elevado. Ele lembrou que quando houve recuo na safra de cana no período de 2011 e 2012, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ofereceu uma linha de crédito especial para os usineiros de R$ 4 bilhões. Desse montante, foram sacados R$ 2,7 bilhões, que compuseram um investimento total de R$ 7,5 bilhões das empresas do ramo. "Isso mostrou que houve também o emprego de recursos próprios para investir na recuperação", sublinhou.
Nos EUA, valor é menor
Com o aumento anunciado terça-feira, a gasolina brasileira passa a ser, na média, 51% mais cara que a norte-americana, revela a Administração de Informação de Energia (AIE) dos Estados Unidos. Mas continuará mais barata em relação à Europa. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que o consumidor pagou, na média nacional, R$ 2,76 por litro de 20 a 26 de janeiro. Com o combustível a R$ 3 e o dólar a R$ 2, isso significa que o brasileiro pagará cerca de US$ 1,45 por litro ante os US$ 0,96 dos norte-americanos ou 51% a mais.