Título: Adversários aproveitam silêncio de Eduardo Alves
Autor: Lyra, Paulo de Tarso ; Correia, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 01/02/2013, Política, p. 2/3/4

Com o líder do PMDB recolhido em Natal, três deputados esquentam a campanha pela Presidência da Câmara

Oficialmente, o Congresso ainda está em recesso. Mas os corredores da Câmara dos Deputados já não estão tão vazios como nas semanas anteriores. O clima da campanha pelos cargos da Mesa Diretora começa a esquentar. Faltando apenas quatro dias para a eleição do comando da Casa, boa parte dos parlamentares antecipou o desembarque em Brasília para participar das reuniões de bancada. Mas, enquanto os candidatos à Presidência Júlio Delgado (PSB-MG), Rose de Freitas (PMDB-ES) e Chico Alencar (PSol-RJ) — que acaba de lançar-se na disputa — correm contra o tempo para conquistar mais votos, o favorito Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) evita aparecer. O peemedebista seguiu o exemplo do correligionário que deve assumir a Presidência da Casa ao lado, senador Renan Calheiros (AL), e tirou os últimos dias antes da eleição para se recolher em Natal. Alvo de diversas denúncias, ele só chega à capital no fim da manhã de hoje.

Estabelecidos na Câmara, Delgado e Rose seguem a estratégia de telefonar para todos os deputados, confirmando apoios e tentando angariar novos adeptos. “Agora, a articulação externa tem pouca influência, é hora de agradecer e checar os votos”, comenta o candidato do PSB. Dissidentes de diversos partidos aderiram às campanhas e reforçam as conversas com os colegas atuando como cabos eleitorais. “Dá licença que estamos em campanha”, grita um deputado que tenta reunir mais apoiadores na sala de um dos candidatos.

Na tarde de ontem, o socialista e a peemedebista avulsa se enfrentaram em um raro debate, organizado por uma emissora de TV aberta. Sem Henrique Eduardo Alves, os demais candidatos acabaram trazendo à tona temas da Câmara de maior interesse da população, como a moralização do Legislativo a partir do fim do voto secreto. O assunto é um dos temas principais do manifesto divulgado por Chico Alencar para justificar sua candidatura.

“Afirmamos que nosso propósito fundamental é recolocar a política na ordem do dia e acertar o passo do Legislativo nacional com as grandes questões que afetam a vida do nosso povo”, disse o parlamentar do PSol, devidamente incorporado ao figurino de candidato.

Os candidatos também aproveitam a ausência do principal adversário para criticá-lo. Há mais de uma semana Alves não sai do Rio Grande do Norte. Nesse período, ele tem feito campanha por telefone apenas. O objetivo, comentam aliados, é evitar o desgaste decorrente das denúncias que o atingiram no começo do mês. Alguns colegas acreditam que a tática funcionou. “Ele ainda foi ‘beneficiado’ pela tragédia em Santa Maria, que o tirou do foco das notícias; talvez tenha sido o único a tirar proveito disso”, disse, em tom crítico, um deputado que reclama do recolhimento do peemedebista.

Henrique Alves chega hoje à capital para participar da reunião de lideranças partidárias com o atual presidente, Marco Maia (PT-RS). No encontro, os parlamentares vão bater o martelo sobre os cargos que caberão a cada legenda na Mesa Diretora. Ontem, foi fechada a ordem de escolha, de acordo com o tamanho de cada bancada. Terão direito às primeiras seis vagas, na ordem: PT (duas), PSDB, PSD, PP e PR.

Luiz Carlos Santos morre aos 80 anos Morreu ontem, em São Paulo, em decorrência de um infarto, o ex-ministro Luiz Carlos Santos, de 80 anos. A carreira política do mineiro de Araxá ficou marcada por duas atuações em momentos distintos no governo Fernando Henrique Cardoso. Líder do governo na Câmara e, depois ministro de Assuntos Políticos, Luiz Carlos Santos foi o articulador da emenda da releeição de FHC. No segundo mandato do presidente, depois de se candidatar a vice-governador de São Paulo na chapa de Paulo Maluf (derrotado por Mário Covas), assumiu a presidência de Furnas.