Título: Sem âncora para o dólar
Autor: Dinardo, Ana Carolina; Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 02/02/2013, Economia, p. 13

Depois de especulações sobre um racha entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central — situação que levou, no primeiro momento, a uma maior volatilidade na negociação do dólar frente ao real —, a divisa passou a operar praticamente estável nos últimos três dias. Ontem, fechou o pregão com uma leve queda de 0,05%, cotada a R$ 1,989 na venda. Para um técnico do governo, o mercado havia interpretado de maneira errada a fala do ministro Guido Mantega e a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A equipe econômica, segundo essa fonte, não quer uma âncora câmbial, apenas diminuir a oscilação da moeda.

“As afirmações do BC e do ministro não eram contraditórias. Toda a política econômica do governo está coordenada. O ministro tentou reforçar exatamente o que o BC havia dito, a mensagem é de que deve haver estabilidade para o dólar e outros ativos”, explicou esse técnico. “O mercado estava montando posições de aposta na queda do dólar e tudo o que o ministro fez foi desmontar isso. Não existe âncora cambial. O dólar não vai voltar para R$ 1,70, como querem alguns. Vai permanecer estável”, disse.

Otimismo e cautela No pregão de ontem, a cotação da moeda se manteve em baixa a maior parte do tempo. Os investidores estavam divididos entre o otimismo — em função de dados de emprego e da indústria nos Estados Unidos — e a cautela, diante da possibilidade de o BC voltar a intervir para evitar uma queda mais acentuada da divisa.

Mesmo com esse movimento estável da cotação nos últimos dias, o dólar fechou a semana com recuo de 2%. A leitura do governo é que esse patamar é bom para a indústria, que pode intensificar a importação de máquinas e equipamentos para ampliar a produção. Por outro lado, é interessante também para o controle da inflação porque terá impacto neutro sobre o custo de vida. Para o mercado financeiro, a sensação é de que a Fazenda tem a missão de defender o piso da moeda e o BC, o teto.

Analistas, no entanto, ainda defendem que o governo tem um piso informal para a moeda e, a depender do economista, esse valor varia de R$ 1,90 a R$ 1,95. O teto estaria pouco acima de R$ 2.