Título: México pede ajuda na investigação
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Fonte: Correio Braziliense, 02/02/2013, Mundo, p. 19
Peritos estrangeiros vão apurar a causa do incidente na petroleira, que deixou 32 mortos
O governo mexicano pediu ajuda externa para determinar as causas da explosão no edifício sede da Pemex, gigante estatal de produção de petróleo, na Cidade do México. De acordo com o ministro do Interior, Miguel Ángel Osorio Chong, a hipótese de terrorismo ainda não foi descartada, mas uma fonte oficial, citada pela agência Reuters, afirma que uma das linhas de investigação sugere que uma caldeira a gás teria explodido ao lado da torre principal do complexo. Pouco depois da explosão, jornais noticiaram que um superaquecimento na rede de ar-condicionado teria causado o acidente, mas as autoridades mantinham reserva. Até a noite de ontem, tinham sido confirmadas as mortes de 12 homens e 20 mulheres no incidente, que aconteceu na quinta-feira, por volta da 16h (20h em Brasília) e deixou ao menos 121 feridos.
“Seria uma grande irresponsabilidade, sem ter elementos completos, divulgar uma informação que não conhecemos”, insistiu Chong. O diretor-geral da companhia, Emilio Lozoya, reforçou que é muito cedo para fazer afirmações concretas. “A prioridade é a recuperação dos corpos e a atenção com as vítimas. Não queremos antecipar nenhuma conclusão sobre o ocorrido”, declarou. Enrique Peña Nieto, há dois meses na presidência da República, acompanhou pessoalmente as operações de resgate e pediu à população que evite especulações. “Nós vamos trabalhar para chegar ao fundo da investigação e esclarecer, primeiramente, o que aconteceu. Se houver alguma pessoa responsável por esse caso, vamos aplicar a lei”, garantiu o presidente, que também visitou feridos no hospital.
Equipes com um total aproximado de 500 socorristas passaram o dia no complexo da Pemex, removendo escombros e procurando vítimas. Ao menos três andares do prédio B2, onde ocorreu a explosão, ficaram destruídos. O B2 fica ao lado da torre central, o maior arranha-céu do país, com 50 andares, considerado o maior da América Latina nos anos 1980. Funcionários da segurança informaram que um corredor que liga as duas instalações também foi afetado. O estrondo da explosão foi ouvido por testemunhas, que contaram terem visto armários, computadores e papéis espalhados na calçada diante da sede da empresa. Em média, 10 mil pessoas ingressam diariamente no complexo da Pemex. Cerca de 200 profissionais trabalhavam na área mais afetada.
O incidente coincide com o momento em que o governo procura conquistar novos investidores para a petroleira, que há 75 anos detém o monopólio do setor no México. A produção da companhia não foi afetada, segundo Emilio Lozoya, apesar de os trabalhos na sede central terem sido suspensos. Uma das 10 maiores empresas no ranking mundial do setor, a Pemex produz diariamente cerca de 2,57 milhões de barris de petróleo.
Nos últimos anos, a empresa tem sido alvo de diversas denúncias de corrupção, furto de petróleo e falta de segurança. Uma série de acidentes marca a história da Pemex, entre eles o incêndio que aconteceu em setembro do último ano, em uma usina próxima ao município de Reynosa, e resultou na morte de 30 pessoas. Outro incêndio, em um oleoduto no centro do país, deixou 29 mortos em 2010. Em 2007, um vazamento de óleo em uma plataforma marítima causou a morte de 20 funcionários.