Título: Mais surpresa
Autor: Bernardes, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 02/02/2013, Cidades, p. 23

Se um copo de cerveja é suficiente para deixar o motorista encrencado, o que acontece com quem comeu um bombom de licor ou acabou de usar enxaguante bucal com álcool? Esses foram os testes que mais aguçaram a curiosidade de garçons e clientes do bar onde a reportagem fez a pesquisa. No caso do bombom, a arquiteta Danielly Marques Barros, 36 anos, se apresentou como voluntária. “Sempre duvidei de que o equipamento flagrasse isso”, diz.

O teste inicial comprovou que não havia qualquer vestígio de álcool no organismo dela. Depois de saborear o bombom, ela assoprou o bafômetro e, espantada, descobriu que o resultado seria suficiente para prendê-la. “Meu Deus! Não imaginava. Jamais vou comer um bombom antes de dirigir”, afirmou. Mas o corpo da arquiteta levou apenas sete minutos para metabolizar o produto. Após o primeiro resultado acusar 0,36mg/l, o último foi negativo para a alcoolemia. “Eu sou favorável à lei seca, apesar de saber que cada organismo reage de um jeito. E o melhor mesmo é a tolerância zero”, acredita.

O enxaguante bucal teve o resultado mais surpreendente. A auxiliar de serviços gerais Naiara Maia de Souza Silva, 26 anos, ficou chocada ao saber que o equipamento acusou teor alcoólico de 1,78mg/l. “Um condutor embriagado com essa quantidade de teor alcoólico não consegue falar nem andar direito. Está prestes a entrar em coma alcoólico”, afirma o agente de trânsito Marcelo Madeira.

Mas, da mesma forma que o bombom de licor, os vestígios desapareceram rapidamente: em apenas 11 minutos, o teste deu negativo. A explicação, segundo Madeira, é que o aparelho mediu a quantidade de álcool na boca. E, nesse caso, ele se dissipa muito rápido. “Se a pessoa tem a convicção de que não bebeu, peça para refazer o teste em 10 minutos ou 15 minutos. Agora, se bebeu, não adiante tentar enganar a fiscalização. Porque é provável que, nesse período, o organismo esteja ainda saturado de álcool e o resultado seja mais alto”, adverte.