O globo, n. 31750, 11/07/2020. País, p. 14

 

Com tornozeleira, Queiroz troca Bangu pela prisão domiciliar

11/07/2020

 

 

Ex-assessor de Flávio Bolsonaro foi beneficiado por decisão do STJ; defesa alegou risco de Covid-19. Sua mulher, Márcia Aguiar, continua foragida

 Ex-as­ses­sor do se­na­dor Flá­vio Bolsonaro, Fa­brí­cio Qu­ei­roz dei­xou na noi­te de on­tem o Pre­sí­dio Pe­dro­li­no Wer­ling de Oli­vei­ra (Ban­gu 8), na Zo­na Oes­te do Rio, e vai cum­prir a pri­são pre­ven­ti­va em re­gi­me do­mi­ci­li­ar, mo­ni­to­ra­do por tor­no­ze­lei­ra ele­trô­ni­ca. Na quin­ta-fei­ra, o presidente do Su­pe­ri­or Tri­bu­nal de Jus­ti­ça (STJ), João Otá­vio de No­ro­nha, con­ce­deu ha­be­as cor­pus a Qu­ei­roz e à mu­lher de­le, Már­cia Agui­ar, fo­ra­gi­da des­de o dia 18 de ju­nho, quan­do o ex-as­ses­sor foi pre­so. Até on­tem à noi­te, Már­cia não ha­via se apre­sen­ta­do à Jus­ti­ça pa­ra cum­prir a pri­são do­mi­ci­li­ar. Em no­ta, a Se­cre­ta­ria de Ad­mi­nis­tra­ção Pe­ni­ten­ciá­ria in­for­mou que aguar­da o com­pa­re­ci­men­to da mu­lher de Qu­ei­ros pa­ra que se­ja ins­ta­la­da a tor­no­ze­lei­ra ele­trô­ni­ca, con­for­me de­ci­são ju­di­ci­al. O mi­nis­tro de­ter­mi­nou ain­da que as au­to­ri­da­des po­li­ci­ais te­rão per­mis­são pa­ra aces­sar a re­si­dên­cia de Qu­ei­roz sem­pre que ne­ces­sá­rio e que fa­rão vi­gi­lân­cia per­ma­nen­te pa­ra im­pe­dir a en­tra­da de pes­so­as não au­to­ri­za­das. O ex-as­ses­sor não po­de­rá ter con­ta­to com ter­cei­ros — sal­vo ad­vo­ga­dos, pro­fis­si­o­nais da saú­de e fa­mi­li­a­res pró­xi­mos — nem aces­sar te­le­fo­nes, com­pu­ta­do­res, in­ter­net e ta­blets. Ao apre­sen­tar o pe­di­do de ha­be­as cor­pus, o ad­vo­ga­do Emí­lio Cat­ta Pret­ta ar­gu­men­tou que o cli­en­te é por­ta­dor de câncer de có­lon e cor­ri aris­cos de saú­de de­vi­do à pan­de mi­a­da Covid-19.

A con­di­ção do ex-as­ses­sor foi le­va­da em con­si­de­ra­ção pe­lo mi­nis­tro que, em sua de­ci­são, con­ce­deu a pri­são do­mi­ci­li­a­ra Már­cia pre­su­min­do que sua pre­sen­ça ao la­do de Qu­ei­ro zé ne­ces­sá­ria pa­ra que ele re­ce­ba as aten­ções de­vi­das por con­ta da do­en­ça, já que es­ta­rá pri­va­do do con­ta­to com ter­cei­ros. Co­mo o mi­nis­tro no STJ res­pon­sá­vel pe­lo ca­so das ra­cha­di­nhas é Fé­lix Fis­cher, o mi­nis­tro João Otá­vio de No­ro­nha emi­tiu a de­ci­são em ca­rá­ter li­mi­nar, por­que es­ta­va na ti­tu­la­ri­da­de do plan­tão ju­di­ci­al.

O mé­ri­to do ha­be­as cor­pus é de re­la­to­ria de Fis­cher, na 5ª Tur­ma do tri­bu­nal, que de­ve­rá dar seu pa­re­cer em agos­to, após o re­ces­so do Ju­di­ciá­rio. Se­gun­do a co­lu­nis­ta Be­la Me­ga­le, Fis­cher já deu si­nais di­re­tos a co­le­gas de que po­de re­ver a de­ci­são de No­ro­nha. Nos bas­ti­do­res, mi­nis­tros do STJ cri­ti­ca­ram a de­ci­são do presidente da Cor­te e afir­mam que pri­são do­mi­ci­li­ar pa­ra Qu­ei­roz e sua mu­lher ‘en­ver­go­nha’ o tri­bu­nal. In­te­gran­tes da Cor­te afir­ma­ram ain­da que No­ro­nha vem “usan­do a ju­ris­di­ção pa­ra con­se­guir uma das va­gas no Su­pre­mo Tri­bu­nal Fe­de­ral” que se­rão aber­tas no go­ver­no de Jair Bolsonaro. Qu­ei­roz foi pre­so em imó­vel em Ati­baia (SP) do ad­vo­ga­do Fre­de­rick Was­sef, que de­fen­dia Flá­vio, mas dei­xou o ca­so após a pri­são. Qu­ei­roz e Flá­vio são in­ves­ti­ga­dos pe­lo es­que­ma da ra­cha­di­nha na As­sem­bleia Le­gis­la­ti­va do Rio (Alerj).