Correio braziliense, n. 20901, 14/08/2020. Política, p. 4

 

Mourão: reforma pronta para seguir ao Congresso

Luiz Calcagno 

14/08/2020

 

 

O vice-presidente Hamilton Mourão disse, ontem, que o texto da reforma administrativa está pronto e depende apenas do presidente Jair Bolsonaro para ser remetido ao Congresso. A proposta mexe num ponto sensível do governo: os servidores públicos federais, que, segundo contas do próprio Poder Executivo, consomem aproximadamente 22% do orçamento da União –– e contam com um lobby forte e articulado dentro do Parlamento. Porém, caso o Palácio do Planalto decida encampar a reforma e comprar briga com as corporações do funcionalismo, terá ao seu lado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, que garantiu que os deputados apoiarão a reforma e dividirão com Bolsonaro responsabilidades e ônus.

Segundo Mourão, “a reforma está pronta desde o começo do ano. Cabe ao presidente, por meio de decisão política, encaminhar a proposta ao congresso. Acho que o Congresso está preparado para receber a reforma e trabalhar”, disse. Sobre o fato de deputados e senadores discutirem, ao mesmo tempo, a reforma tributária, ele destacou que dependerá “da vontade dos nossos parlamentares”.

Maia destacou que a reforma administrativa, com o teto de gastos, fará com que o Estado economize e qualifique o serviço público, enquanto que a tributária trará investimentos e competitividade. De acordo com o presidente da Câmara, esse é o único caminho para garantir algum acréscimo no investimento público no próximo ano, já que não há disposição de deputados e senadores para estender o decreto de calamidade pública e permitir que o governo gaste além do teto em 2021.

Maia destacou que Bolsonaro terá apoio da maioria dos deputados se enviar a reforma administrativa. Não é para perseguir servidor. Melhorar o estado é valorizar os servidores. Não podemos é ter uma máquina com esses custos, pois o salário médio dos servidores federais é o dobro das mesmas funções no setor privado”, comparou.