O globo, n. 31747, 08/07/2020. País, p. 11
Comportamento sem regras
08/07/2020
Bolsonaro ignora medidas de proteção e minimiza coronavirus
Na entrevista em que anunciou estar infectado com Covid-19, ontem, o presidente Jair Bolsonaro contrariou várias recomendações médicas e pesquisas científicas: tirou a máscara, não manteve o distanciamento e mexeu num microfone sem lavar as mãos. O comportamento se repete desde o início da pandemia há cerca de quatro meses.
Ao longo deste período, Bolsonaro tem tratado a doença sem acatar o que prega a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em algumas ocasiões, participou de atos em apoio ao governo, abraçando e apertamento a mão de seus seguidores. Ora, sem máscara. Ora, usando-a de forma indevida, presa ao queixo.
Em seus discursos, o presidente tratou por várias vezes a pandemia do novo coronavírus com o que ele chamou, em rede nacional de rádio e TV, de “gripezinha ou resfriadinho”.
Algumas de suas declarações polêmicas a respeito do combate à doença aconteceram diante de apoiadores.
— Essa é uma realidade, o vírus tá aí. Vamos ter que enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, porra. Não como um moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Tomos nós iremos morrer um dia — afirmou Bolsonaro.
Ao ser indagado sobre o avanço da doença, o presidente chegou a afirmar:
— E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre —justificou.
Ainda em meio à pandemia provocada pelo novo coronavírus, polarizou o assunto politicamente numa live. “Quem é de direita, toma cloroquina. Quem é de esquerda, tubaína”, disse, referindose a um refrigerante.
“Vamos ter que enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, porra. Não como um moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós iremos morrer um dia”
Bolsonaro, sobre a pandemia