O globo, n. 31746, 07/07/2020. País, p. 4

 

Presidente pede para Carlos baixar tom nas redes sociais

07/07/2020

 

 

Vereador alerta para irritação da base: Mourão defende diálogo com centrão

 A no­va es­tra­té­gia de apa­zi­gua­men­to ado­ta­da pe­lo pre­si­den­te Jair Bol­so­na­ro, que há mais de du­as se­ma­nas têm op­ta­do por evi­tar em­ba­tes pú­bli­cos e declarações po­lê­mi­cas, in­cluiu uma con­ver­sa com seu fi­lho Car­los, ve­re­a­dor no Rio de Ja­nei­ro e um dos no­mes mais in­flu­en­tes na co­mu­ni­ca­ção do Pa­lá­cio do Pla­nal­to. De acor­do com a co­lu­nis­ta Be­la Me­ga­le, o pre­si­den­te pe­diu pa­ra Car­los bai­xar o tom nas re­des so­ci­ais, em es­pe­ci­al em re­la­ção ao Ju­di­ciá­rio.

A con­ver­sa acon­te­ceu há pou­cas se­ma­nas, se­gun­do in­te­gran­tes do go­ver­no.

O pe­di­do de Bol­so­na­ro foi fei­to num con­tex­to em que o pre­si­den­te bus­ca um ar­mis­tí­cio com os tri­bu­nais após ope­ra­ções au­to­ri­za­das pe­lo Su­pre­mo Tri­bu­nal Federal (STF) atin­gi­rem ali­a­dos seus e a pri­são Fa­brí­cio Qu­ei­roz, ex-as­ses­sor de seu fi­lho Flá­vio Bol­so­na­ro in­ves­ti­ga­do no ca­so da “ra­cha­di­nha” na As­sem­bleia Le­gisla­ti­va do Rio (Alerj). Car­los, por sua vez, aler­tou o pai que a no­va pos­tu­ra não tem agra­da­do a mi­li­tân­cia vir­tu­al bol­so­na­ris­ta.

O avi­so, in­for­mou o co­lu­nis­ta Gui­lher­me Ama­do, da re­vis­ta Épo­ca, veio acom­pa­nha­do do re­ca­do de que os afa­gos pú­bli­cos por Bol­so­na­ro aos pre­si­den­tes da Câma­ra, Ro­dri­go Maia (DEMRJ), e do Se­na­do, Da­vi Al­co­lum­bre (DEM-AP), ir­ri­ta­ram es­pe­ci­al­men­te as re­des bol­so­na­ris­tas na in­ter­net. Maia e Al­co­lum­bre são al­vos re­cor­ren­tes de ataques.

O vi­ce-pre­si­den­te Ha­mil­ton Mourão de­fen­deu, on­tem, a no­va pos­tu­ra pa­ci­fi­ca­do­ra do Pla­nal­to e a apro­xi­ma­ção com par­ti­dos do cen­trão. Se­gun­do Mourão, o gover­no atu­al co­me­çou com uma “vi­são idí­li­ca” que o dei­xou “apri­si­o­na­do” du­ran­te o pri­mei­ro ano de ges­tão, ao ten­tar ne­go­ci­ar a apro­va­ção de pro­je­tos com banca­das te­má­ti­cas no Con­gres­so. Pa­ra o vi­ce-pre­si­den­te, Bol­so­na­ro “mu­dou a sua ro­ta” em 2020. Ele de­fen­deu ain­da que, “se não hou­ver co­a­li­zão, o presidente não go­ver­na”.

—O go­ver­no co­me­çou com uma vi­são idí­li­ca, es­tou sen­do bem sin­ce­ro, de que por meio das ban­ca­das te­má­ti­cas nós te­ría­mos um re­la­ci­o­na­men­to efi­ci­en­te com o Con­gres­so — afir­mou em con­ver­sa pro­mo­vi­da pe­lo ban­co Cre­dit Suis­se.

Mourão ci­tou tam­bém as crí­ti­cas de que o “to­ma lá, dá cá”, con­de­na­do por Bol­so­na­ro, te­nha vol­ta­do a Bra­sí­lia. Se­gun­do ele, a ne­go­ci­a­ção po­lí­ti­ca faz par­te do pre­si­den­ci­a­lis­mo. E que, em um Con­gres­so tão frag­men­ta­do co­mo o bra­si­lei­ro, o diá­lo­go com os par­ti­dos de cen­tro se­rá sem­pre ne­ces­sá­rio.

— Mui­to se fa­la da ques­tão pre­si­den­ci­a­lis­mo de co­a­li­zão, o pre­si­den­ci­a­lis­mo ele só po­de ser de co­a­li­zão. Pra mim pre­si­den­ci­a­lis­mo de co­a­li­zão é ple­o­nas­mo. Se não hou­ver co­a­li­zão o pre­si­den­te não go­ver­na —co­men­tou.