O globo, n. 31746, 07/07/2020. País, p. 6
Denúncia contra Pacheco inclui lavagem e organização criminosa
Juliana Dal Piva
07/07/2020
Ex-lider de Witzel na Alerj foi o primeiro acusado pelo MP à Justiça por ‘rachadinha’
A denúncia do Ministério Público do Rio sobre o deputado Márcio Pacheco (PSC-RJ), além de peculato, inclui os crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele foi o primeiro parlamentar denunciado pelos promotores após o início das investigações sobre as “rachadinhas” da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), em 2018. Pacheco é ex-líder do governo de Wilson Witzel na Casa. Junto com ele, também foram denunciados pelos mesmos crimes o seu chefe de gabinete, André Santolia, e outros dez ex-assessores. Para o MP, o deputado é “autor de todo o plano criminoso”.
Os casos de deputados começaram a ser investigados a partir de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ) sobre 75 assessores e ex-assessores de 22 deputados, que citava movimentações financeiras atípicas entre 2016 e 2017. As investigações foram abertas em julho de 2018, mas só se tornaram conhecidas em dezembro daquele ano, depois que ficou conhecida a movimentação de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz, assessor do então deputado e agora senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Procurado, o deputado Márcio Pacheco negou que tenha patrocinado a prática de rachadinha em seu gabinete e garante ser uma pessoa de posses modestas.
A movimentação atípica registrada no núcleo de dez pessoas que envolvia a investigação sobre o deputado somava um total de R$ 25,3 milhões. O MP informou na denúncia que as quebras de sigilo mostraram que entre 2016 e 2019 os valores desviados para Pacheco superaram R$ 1 milhão, conforme informou ontem o “RJ TV”, da TV Globo.
Procurado, o deputado Márcio Pacheco disse que recebeu com “estranheza e indignação” a notícia de que o MP-RJ tinha oferecido denúncia contra ele. A denúncia foi distribuída para o desembargador Rogério de Oliveira Souza do Órgão Especial do Tribunal de Justiça.
O Ministério Público do Rio intimou na semana passada o senador Flávio Bolsonaro para depor na investigação que apura a prática de rachadinha em seu antigo gabinete na Alerj. Foi sugerido a Flávio que o depoimento ocorresse no início desta semana, mas a defesa do senador não confirmou se o senador falará aos investigadores nestas datas.