O globo, n. 31742, 03/07/2020. País, p. 7
Bolsonaristas migram para aplicativos ultrasseguros
Juliana Dal Piva
João Paulo Saconi
03/07/2020
Após operações contra militantes e Queiroz, aliados presidenciais buscam ‘apps’ alternativos
Conhecidos como alternativas ultrasseguras ao WhatsApp, os aplicativos Confide e Signal já foram baixados mais de 10,5 milhões de vezes no Google Play. O método de criptografia do primeiro atraiu a preferência até da Casa Branca. Entre os diferenciais mais atraentes de ambos, está a possibilidade de destruir mensagens automaticamente após a leitura.
Nas duas últimas semanas, o sucesso e as ferramentas do Confide e do Signal atraíram três novos usuários próximos à família do presidente Jair Bolsonaro. Todos ingressaram nas plataformas durante a última quinzena de junho, após a prisão de Fabrício Queiroz e de militantes bolsonaristas.
Novo dono de uma conta no Confide, Gustavo Botto Maia é advogado do senador Flávio Bolsonaro e passou a utilizar o aplicativo depois de ter sido alvo de busca e apreensão na mesma operação que prendeu Queiroz.
Botto Maia é alvo da investigação do esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Ele esteve reunido em dezembro passado com Márcia de Oliveira Aguiar, mulher de Queiroz, em Minas Gerais. O Ministério Público (MP) do Rio vê indícios de que o encontro teria como objetivo discutir um plano de fuga para a família de Queiroz junto com Raimunda Veras Magalhães, mãe do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega.
No Signal, ingressou recentemente Rogéria Bolsonaro, ex-mulher do presidente e mãe de Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro. Ela é cotada para integrar a chapa de Marcelo Crivella (Republicanos) na disputa pela Prefeitura carioca.
Também entrou para o Signal Mateus Matos Diniz, lotado em um cargo da Presidência da República. Ele é engenheiro, ex-aluno do escritor Olavo de Carvalho e foi um dos recrutados pelo vereador Carlos Bolsonaro (RepublicanosRJ) para o aparelho digital do governo, chamado por opositores de “Gabinete do Ódio”. Ataques online feitos por bolsonaristas estão na mira do Supremo Tribunal Federal (STF) desde maio.
REDE ‘SEM CENSURA’
Assim como os aliados, Bolsonaro e os filhos também estão expandindo horizontes na internet. Eles criaram contas no Parler, uma rede social americana que se diz “livre de censura” e cuja maioria dos usuários é de direita —o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é um deles. A movimentação dos Bolsonaro ocorre após o Facebook e o Twitter agirem contra publicações da família que violavam regras de uso.