Título: A aposta do Planalto no PMDB
Autor: Lyra, Paulo de Tarso ; Almeida, Amanda
Fonte: Correio Braziliense, 05/02/2013, Política, p. 2/3

Consolidadas as vitórias de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para a presidência da Câmara e Renan Calheiros (PMDB-AL) para o comando do Senado e escolhidos os dois líderes do PMDB nas respectivas Casas — Eduardo Cunha (RJ) e Eunício Oliveira (CE) —, o Planalto se prepara para conviver com os peemedebistas ao longo deste ano. O governo cerca-se de cuidados, aposta na parceria com o partido que tem a vaga de vice na chapa presidencial, pois sabe que 2013 é vital para a reeleição de Dilma Rousseff.

A primeira avaliação é de cautela. Três dos quatros nomes eleitos nos últimos três dias têm perfis políticos que inspiram cuidados. Renan Calheiros é considerado agressivo e ousado em suas atitudes, impositivo quando pretende defender seus direitos. Algo bem diferente do estilo conciliador e pacificador do antecessor, José Sarney (PMDB-AP). Prova disso é que, como antecipou o Correio no dia da eleição do presidente do Senado, Sarney havia sido escalado para ser o bombeiro nas relações do peemedebista alagoano com seus colegas de plenário.

Da mesma forma, Eduardo Cunha (RJ) deve ser monitorado de perto. Ele já tinha tentado minimizar os sinais de atrito no domingo, após ser eleito líder da bancada, afirmando que “sempre votou com a presidente Dilma Rousseff”. Ontem, após a vitória de Henrique, voltou a negar a possibilidade de divisões internas, já que venceu apenas no segundo turno contra o companheiro Sandro Mabel (GO). “Nós todos estamos juntos no mesmo propósito que é a pacificação da bancada, fazer com que bancada tenha atuação forte no plenário e ajude o governo a governar o país”, afirmou Cunha.

Um petista influente elogiou o parlamentar fluminense, mas ressaltou que as qualidades dele merecem atenção redobrada. “Eduardo Cunha é inteligente, disciplinado, entende de regimento e é bastante focado”, disse o congressista, insinuando que é preciso ter cuidados com os focos que Cunha irá adotar daqui para frente.

Nomeações De todos os três, o mais fácil de contornar seria Henrique Alves. Companheiros de partido afirmam que ele não é ousado e agressivo como Eduardo Cunha e Renan, mas age muito mais pela emoção do que pela razão. Teria sido assim nas vezes em que confrontou o Planalto na nomeações de cargos, sobretudo para o setor elétrico e na direção do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs).

Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff confirmou a manutenção de Eduardo Braga (PMDB-AM) e José Pimentel (PT-CE) nas lideranças do governo no Senado e no Congresso, respectivamente. Ainda não teve uma conversa nesse sentido com o líder Arlindo Chinaglia (PT-CE), mas o Correio apurou que ele deve ser mantido no cargo.

Além de Cunha, o Planalto terá que lidar também com outro líder partidário complicado: Anthony Garotinho (PR-RJ), nomeado líder da bancada recentemente. “A bancada do PR não é tão homogênea para que um líder possa fazer tudo da própria cabeça. Além disso, tem uma ampla parte da bancada que vota com o governo e pode equilibrar esse cenário”, torce um aliado da presidente Dilma.

“Nós todos estamos juntos no mesmo propósito que é a pacificação da bancada” Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na Câmara

As piadas de Tiririca

Em dia de escolha do novo presidente da Câmara, o deputado Tiririca (PR-SP) se encarregou de dar um clima de descontração à votação. O palhaço, o campeão de votos no Brasil em 2010, ganhou a simpatia dos colegas e basta um “oi” acompanhado de uma careta para eles caírem na gargalhada. Ontem, enquanto os congressistas enfrentavam uma longa fila para votar, Tiririca circulava entre grupinhos, conversando amenidades e contando “rapidinhas”, as piadas preferidas de Romário (PSB-RJ). Ao ex-jogador, Tiririca perguntou onde passaria o carnaval. Romário respondeu: “Por aí”. Tiririca retrucou: “Por aqui, não. Em qualquer lugar, menos na Câmara”. Foi o suficiente para o ex-atacante (foto) rir do colega. Aos outros parlamentares, o palhaço contou piadas impublicáveis. (Amanda Almeida)