Título: A discrição de Donadon
Autor: Caitano, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 05/02/2013, Política, p. 4

O burburinho em torno da eleição para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados ofuscou uma presença com potencial para constranger os correligionários do novo presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e com prisão iminente, o deputado Natan Donadon (PMDB-RO) chegou ao plenário 15 minutos antes do encerramento das votações, registrou presença e, rapidamente, foi embora. Com o fim do recesso do Judiciário, o acórdão com a condenação do parlamentar pode sair a qualquer momento. Enquanto isso, Natan tenta passar despercebido nas poucas vezes em que aparece no plenário: no ano passado, ele faltou a quase um quarto das sessões deliberativas.

Natan Donadon foi condenado a 13 anos de cadeia por peculato e formação de quadrilha em outubro de 2010. Ele recorreu da decisão e, em dezembro do ano passado, os ministros rejeitaram o embargo por unanimidade. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a prisão imediata, mas o STF decidiu que o deputado só será detido depois do trânsito em julgado, o que pode acontecer a qualquer momento. Relatora da Ação Penal 396, a ministra Cármen Lúcia já apresentou o espelho da decisão, que está agora na sessão de acórdãos do Supremo.

Pelo regimento da Corte, ainda é possível recorrer contra os embargos rejeitados, mas os ministros podem entender que os recursos são meramente protelatórios e determinar a baixa automática do processo, para que a prisão passe a valer imediatamente. O advogado Nabor Bulhões, que representa Natan, não decidiu se apresentará novo recurso, mas está otimista quanto à reversão da prisão. “Quando falo em reverter, não falo necessariamente em absolvição, mas acredito que nossos argumentos podem reduzir a pena ao mínimo legal.”