O Estado de São Paulo, n.46263, 16/06/2020. Política, p.A5

 

PF prende extremista de grupo pró-governo

Pepita Ortega

Fausto Macedo

Breno Pires

Pedro Venceslau

16/06/2020

 

 

Sara Giromini ameaçou ministro do Supremo; Corte autorizou seis mandados de prisão

Material. Carro da perícia da Polícia Federal com fogos de artifício que foram apreendidos

Seis apoiadores do presidente Jair Bolsonaro foram alvo ontem de mandados de prisão temporária expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no inquérito que apura a organização de atos antidemocráticos. Uma das presas é Sara Fernanda Giromini, de 27 anos, que se identifica como Sara Winter. Depois que a PF cumpriu 29 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a seguidores de Bolsonaro, há duas semanas, no inquérito das fake news, esta foi a ação mais contundente contra um grupo de seguidores do presidente.

Todos os mandados de prisão foram direcionados a líderes do movimento 300 pelo Brasil, que, após ter o acampamento desmontado pelo governo do Distrito Federal, no sábado, disparou fogos de artifício na direção do STF, na Praça dos Três Poderes. O ataque foi repudiado pelos ministros do Supremo, ex-presidentes da República e outras autoridades do País. Apesar disso, os mandados de prisão haviam sido pedidos no dia anterior pelo vice-procurador-geral da República Humberto Jacques de Medeiros.

A PF não confirmou, até a conclusão desta edição, a identidade dos outros alvos dos mandados de prisão e se foram localizados. Segundo apurado pelo Estadão, eles são investigados pelo crime de associação criminosa, previsto no artigo 288 do Código Penal. Em nota, a Procuradoria Geral da República (PGR) informou que há indícios “de que o grupo continua organizando e captando recursos financeiros para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional”. O objetivo das prisões, com duração de cinco dias, é “ouvir os investigados e reunir informações de como funciona o esquema criminoso” de organização dos atos.

Negativa. Em depoimento que durou pouco mais de uma hora, Sara negou que os integrantes do 300 pelo Brasil defendam intervenção militar e disse que não participou do ataque ao Supremo com fogos de artifício no sábado. Ela também disse que atos que foram comparados a Ku Klux Klan, grupo supremacista branco dos Estados Unidos, teve inspiração em uma “passagem bíblica”.

Aos investigadores, Sara confirmou ser apoiadora de Bolsonaro, mas disse que não recebe ajuda financeira do governo. Ela se recusou a responder porque chamou Moraes para “trocar socos”, em uma gravação, após ser alvo de busca e apreensão no inquérito das fake news. O depoimento de Sara foi divulgado ontem pela CNN Brasil e obtido pelo Estadão.

Integrantes do Supremo vinham demonstrando preocupação, nos bastidores, com a lentidão para a tomada de medidas concretas sobre o grupo 300 pelo Brasil. Na semana passada, a Corregedoria do Ministério Público Federal pediu explicações ao procurador Frederick Lustosa sobre a condução do caso.

O pedido de explicações causou desconforto no MPF. Foi então que, na sexta-feira, a PGR resolveu agir por conta própria e pediu ao Supremo a prisão temporária de integrantes do grupo.

Objetivo

“O grupo continua organizando e captando recursos financeiros para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional.”

“(Objetivo das prisões é) ouvir os investigados e reunir informações de como funciona o esquema.”

TRECHO DE NOTA DA PGR