Título: Mabel vai ao Supremo
Autor: Lyra, Paulo de Tarso; Mader, Helena
Fonte: Correio Braziliense, 06/02/2013, Política, p. 2

Dois dias depois da eleição para a liderança do PMDB na Câmara, as feridas pela disputa intensa do comando da bancada não cicatrizaram. Derrotado no segundo turno, o deputado Sandro Mabel (GO) não pretende retirar o mandado de segurança impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a nomeação de suplentes para votar no atual líder Eduardo Cunha (RJ). “Ele foi eleito, mas precisa ter mais humildade no trato com a bancada”, criticou Mabel. “Eleição se ganha no voto, não no tapetão. O que ele (Mabel) está fazendo não tem comentários”, tripudiou Cunha.

A polêmica teve início com a posse de dois suplentes do PMDB no sábado. São eles os deputados Marcelo Guimarães Filho (PMDB-BA) e Leomar Quintanilha (PMDB-TO). Guimarães Filho assumiu a cadeira do deputado João Carlos Bacelar (PR-BA). Já Quintanilha ingressou na vaga do deputado Lázaro Botelho (PP-TO).

Mabel questiona a posse dada aos suplentes no gabinete da ex-vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas (ES). Para ele, como a legislatura anterior encerrou-se em 1º de fevereiro, sexta-feira, a posse dos suplentes deveria ser realizada no plenário da Casa, no dia 4, não no gabinete de Rose. “Além disso, os dois parlamentares que se licenciaram para dar vaga aos suplentes nem eram do PMDB. Algum interesse eles tinham nessa manobra. É tentar descobrir qual”, insinuou Mabel.

Aliados de Cunha, como o deputado Lúcio Vieira Lima (BA), não levam a sério as ameaças feitas por Mabel. “Essa ação é um factoide. Como Mabel sabe em quem eles votaram? Se brincar, diminui a votação dele. Para completar, ele estava lá e participou do processo eleitoral, discursou no primeiro e no segundo turnos. Agora vem com isso?”, questionou Lúcio.

Para o parlamentar baiano, se há questionamentos sobre a lisura da disputa realizada no último domingo, Mabel teria que ter se retirado da disputa. Ao contrário, ele permaneceu candidato, discursou em segundo turno e só está reclamando agora, depois que perdeu a eleição para líder.

Reclamações O Correio apurou que a principal reclamação de Mabel e de pessoas próximas a ele é que Cunha, tão logo terminou a eleição para a presidência da Câmara, sacramentando a vitória de Henrique Eduardo Alves (RN), cumprimentou os correligionários, mas ignorou o deputado goiano e outros aliados dele, como o deputado Renan Filho (AL).

Henrique Alves, que esteve no almoço em homenagem a Mabel no domingo, na casa do deputado Luiz Pittiman (DF), chegou a pedir, naquela oportunidade, que o deputado revisse a posição de recorrer na Justiça contra a eleição para líder da Câmara. Ontem, ao Correio, o presidente da Câmara ressaltou a necessidade de se acabar com o mal-estar. “Mabel tem consciência da importância da unidade do PMDB, igualmente, o líder Eduardo. Osmar Terra, exemplarmente, também tem. Passados os dias de chuva de verão, chegarão a um entendimento”, diz Henrique Eduardo Alves, que deixará o assunto para ser resolvido pelo próprio Eduardo Cunha.