O globo, n. 31768, 29/07/2020. País, p. 11

 

Toffoli defende lei contra fake news:“Temos que ter regulação, sim"

Washington Luiz

29/07/2020

 

 

Sem citar texto no Congresso, presidente do STF afirma que país precisa de instrumentos para punir por mensagens falsas

 O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, defendeu ontem a aprovação de uma legislação específica para combater as fake news. Sem citar o projeto de lei sobre o tema que tramita no Congresso, o ministro afirmou que o país precisa de instrumentos para identificar e punir quem propaga informações falsas nas redes sociais.

— Não podemos normalizar, condescender e aceitar as fake news como um fenômeno inevitável. Não podemos aceitar isso como algo que seja impossível de combater ou que seja algo que se tornará natural no dia a dia. Nós temos que ter instrumentos, sim. Nós temos que ter Estado, sim. Nós temos que ter regulação, sim — disse em debate promovido pelo site Poder 360.

Toffoli também afirmou ontem que é preciso incluir nas discussões a respeito do assunto formas de responsabilizar as plataformas pela publicação de conteúdos considerados inadequados. O presidente do STF defendeu ainda que, assim como a liberdade de ir e vir, a liberdade de expressão tem limites.

— Nós temos no Brasil mais de 200 mil pessoas presas provisoriamente sem sentença de primeiro grau. Liberdade de ir vir. Nós não temos 200 mil redes sociais paradas. Choca mais as redes sociais paradas, meia dúzia de redes sociais paradas, do que 200 mil pessoas presas provisoriamente sem sentença? — questionou.

Uma regulação sobre o tema é defendida também pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), enquanto o presidente Jair Bolsonaro já se manifestou contra o projeto em tramitação no Congresso, sinalizando que pode vetá-lo. A proposta tem sido questionada por especialistas. Uma das polêmicas está no trecho que dá ao Conselho de Transparência e Responsabilidade da Internet a responsabilidade de elaborar um código de conduta para redes sociais e aplicativos de mensagens. Na versão aprovada pelo Senado, o código precisaria ser avaliado e aprovado pelo Congresso. Segundo as plataformas e representantes da sociedade civil, isso poderia abrir espaço para práticas de censura.